PS, PCP e BE dizem que a ida da ex-ministra das Finanças para uma empresa britânica que comprou dívida ao Banif deve ser investigada e esclarecida pelo Parlamento.
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A notícia de que Maria Luís Albuquerque vai assumir funções no departamento de crédito e risco da Arrow Global causou desconfiança ao PCP.
O deputado comunista Jorge Machado diz ter "sérias dúvidas" acerca da legalidade desta contratação. Segundo afirmou o parlamentar, pode estar a ser violado o estatuto dos deputados e do regime de incompatibilidades e impedimentos a que os parlamentares estão obrigados
"Coloca-se a violação do chamado período de nojo em que titulares de cargos públicos, quando cessam funções, não podem exercer atividades nos ramos que tutelaram", frisou Jorge Machado.
No entender do PCP, esta matéria, "pela gravidade que comporta", deverá ser analisada na subcomissão parlamentar de ética e deverá ser elaborado um parecer sobre a legalidade da contratação.
Os comunistas pretendem também que a comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif se pronuncie.
PS quer explicações
O Partido Socialista, através do líder parlamentar Carlos César considera que a Assembleia da República deve avaliar a contratação da ex-governante pela Arrow Global
"Não é uma situação que possa ser displicentemente tratada. Terão de existir explicações sobre essa matéria", vincou César.
"Uma coisa é certa: a Assembleia da República deve apreciar, no âmbito da sua [sub]comissão de ética, essa conformidade", até porque é importante haver uma "definição clara" dos interesses dos políticos.
Para César, tem de haver uma "separação entre aquilo que tem de ser separado em abono da qualidade e transparência" da vida política, e nesse sentido a contratação da antiga ministra do PSD pela empresa Arrow Global deve ser avaliada.
"Há muitas perguntas para fazer", diz BE
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que denunciou a situação, explicou entretanto que "a Arrow Global é também dona da empresa portuguesa Whitestar", uma empresa que "está a avaliar os ativos do Banif que o Santander não quis e que estão no Estado".
Segundo Catarina Martins, a ex-ministra das Finanças "foi trabalhar para a empresa que lucrou com o que fez no Banif ao arrastar a situação e que neste momento tem a faca e o queijo na mão para continuar a lucrar com a forma como ainda forem geridos os ativos que ainda estão na mão do Estado".
Catarina Martins adiantou que "a ex-ministra está a trabalhar para um fundo abutre que lucra com a fragilidade do sistema financeiro português".
Para a dirigente bloquista, a situação é "verdadeiramente inaceitável, não há palavras para descrever".
Por isto, o Bloco de Esquerda defende que a situação "deve ser investigada" e considera que "há muitas perguntas que têm que ser respondidas" na comissão de inquérito ao caso Banif.
O Bloco de Esquerda anunciou também que vai solicitar que a Comissão Parlamentar de Inquérito peça a listagem de empresas que avaliaram ou compraram ativos ao Banif e à Oitante, a sociedade financeira onde foram depositados os ativos do banco.
* Notícia atualizada com alteração de título. Às 17:38 foram inseridas as declarações de Carlos César e às 18:01, as declarações de Catarina Martins.