PSD e Centeno: o estranho caso de "Read my lips" e de "Dr. Jekyll and Mr. Hyde"
Social-democratas têm "um palpite" de que o ministro das Finanças não irá cumprir a promessa de não aumentar impostos. Escolhas orçamentais são "embaraçosas", diz o PSD.
Corpo do artigo
Depois de, durante o debate, Mário Centeno ter utilizado um estrangeirismo - no caso, a expressão "read my lips" - pedindo para lhe lerem os lábios e garantido que "não há aumento de impostos", pelo PSD, Miguel Morgado, afirmou ter "um palpite" de que Mário Centeno vai arrepender-se de ter pedido aos deputados para lhe lerem os lábios.
"A referência literária mais apropriada ao mandato de Centeno é 'O estranho caso do Dr Jekill e do Senhor Hyde'", acusou Miguel Morgado, salientando o "irrealismo, com base em embustes" que considera estar a dominar a gestão nas Finanças.
A Mário Centeno, o deputado social-democrata, uma das vozes mais críticas do Executivo durante a discussão, disse também que o ministro não pode "olhar para o lado" por estar sentado ao lado dos "deputados de José Sócrates".
E, depois de, esta semana, na Comissão de Orçamento e Finanças, Mário Centeno ter citado Luís Vaz de Camões, Miguel Morgado afirmou: "Camões com Camões se paga", terminando a intervenção com versos do poeta português: "E sou já do que fui tão diferente, que, quando por meu nome alguém me chama, pasmo, quando conheço, que ainda comigo mesmo me pareço", disse.
PSD denuncia "desempenho medíocre e resultado sofrível"
Antes, já Leitão Amaro tinha acusado o Governo de ter falhado todas as metas económicas. Para o PSD, o Orçamento do Estado "foi feito a pensar nas eleições", acusando António Costa, que não fez uso da palavra durante o debate, de se esconder de "escolhas orçamentais embaraçosas".
"As escolhas orçamentais são de tal modo embaraçosas que o primeiro-ministro se esconde", disse Leitão Amaro, sustentando que o parlamento está habituado a que seja o chefe de Governo a abrir o debate.
Nas primeiras questões levadas a debate pela bancada parlamentar social-democrata, António Leitão Amaro considerou que "este é um Orçamento do Estado com desempenho triste".
"O vosso desempenho é medíocre. O resultado é sofrível, mas os portugueses é que pagam", sublinhou depois Leitão Amaro, descrevendo os "quatro pecados" do OE, que diz ser um documento "sem credibilidade, que agrava os problemas sociais e insiste numa política orçamental errada".
"Os senhores falharam todas as vossas metas" acusou ainda Leitão Amaro, enumerando os vários indicadores que diz serem piores do que em 2015.