Ainda sem acordo, Governo e médicos têm "última das últimas" reuniões na terça-feira
O Sindicato Independente dos Médicos nota uma "cedência" da tutela, que esta tarde propôs o pagamento de 18,61 euros por hora.
Corpo do artigo
Terminou sem acordo, mas com uma aproximação a nível salarial, pelo menos para o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), mais uma reunião de negociações entre os representantes dos médicos e o Ministério da Saúde.
"Não chegámos a acordo esta tarde", confirmou Jorge Roque da Cunha, líder do SIM, que anunciou à saída deste encontro com a tutela a marcação de uma derradeira reunião para a tarde da próxima terça-feira.
"Será a última das últimas reuniões", avisou o responsável sindical, que explicou que esta tarde o Governo demonstrou evolução negocial ao "passar de 16,61 euros à hora para 18,61 euros à hora" a proposta salarial que fez aos médicos.
"É o que o Governo nos apresentou como aproximação", mas o valor que o SIM procura é "muito próximo dos 20 euros, achamos que não estamos a pedir a lua", comentou Roque da Cunha, referindo-se ao aumento salarial de 15% procurado pelo sindicato.
Já à espera daquela que será então a última oportunidade de aproximação ou acordo entre médicos e Governo, Roque da Cunha deixou um apelo aos responsáveis do executivo: "Vejam aquilo que está a acontecer no Serviço Nacional de Saúde (SNS), aproveitem a disponibilidade do SIM para mitigar este aumento e depois o próximo Governo, qualquer que ele seja, terá a oportunidade de fazer a reestruturação necessária para o SNS".
O SIM garante estar nas negociações com o objetivo de chegar a um acordo "responsável" e não para "pôr gasolina no lume e alimentar o descontentamento mais que justificado" dos médicos.
Pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Joana Bordalo e Sá argumentou ser "fundamental que o Governo deixe de ser inflexível" e seja "correto" com o SNS "tendo em conta o estado em que está".
A Fnam quer um "compromisso de uma vez por todas" da parte do executivo e avisa que a reunião de terça-feira é mesmo a "derradeira oportunidade de firmar um acordo", negando desde já qualquer tipo de "acordos intercalares".
Bordalo e Sá garantiu ainda que o Governo tem "condições e legitimidade" para aceder às reivindicações dos médicos e que não o faz por "vontade política".
Os sindicatos, que deveriam ter tido hoje a última reunião negocial com a tutela, voltam a reunir-se com o Ministério da Saúde na próxima terça-feira, véspera da votação final do Orçamento do Estado para 2024.
A reunião desta quinta-feira aconteceu após ter sido cancelada a ronda negocial de 8 de novembro, na sequência da demissão do primeiro-ministro.
As negociações decorrem há 19 meses, com a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) a exigir aumentos de 30% e um horário de 35 horas semanais, as 12 horas de serviço de urgência e a atualização do salário base que reponha o poder de compra para os níveis anteriores à 'troika' para todos os médicos.
O SIM levou para a reunião de hoje uma proposta de aumentos de 15%, uma cedência face aos 30% anteriormente exigidos.
O Governo propõe um suplemento de 500 euros mensais para os médicos que realizam serviço de urgência e a possibilidade de poderem optar pelas 35 horas semanais.
A proposta iguala o salário base dos médicos (3025 euros), representando um aumento de 5,5%, contra os 3,6% apresentados na última proposta e que mereceu a contestação dos sindicatos.