O ministro da Saúde adverte que as condições para negociar com o médicos alteraram-se com a queda do Governo.
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O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou esta quinta-feira que a proposta para o aumento salarial de 15% para todos os médicos "é insustentável" e explica que agora "há circunstâncias muito diversas do que existiam anteriormente" para negociar.
"Essa proposta, além de ser insustentável do ponto de vista orçamental, cria novas injustiças, porque o que nós procurámos fazer foi uma adequação. Nós até propomos um aumento superior a 15% aos internos nos últimos anos. É uma proposta que corrige desequilíbrios", disse o governante à saída da reunião com os sindicatos do setor.
Relativamente ao número de horas de trabalho semanal dos médicos, Manuel Pizarro argumenta com a queda do Governo para não ir mais longe.
"Há umas circunstâncias muito diversas do que existiam anteriormente. Essa alteração de redução do horário de trabalho dos médicos de 40 para 35 horas e de redução das horas que os médicos fazem na urgência de 18 para 12 horas eram faseadas ao longo da legislatura (...) Essas medidas só poderiam ser tomadas por um governo que fosse capaz de gerir a reorganização no SNS", diz o ministro da Saúde, apontando que seria uma medida para ser tomada por um governo "em início de legislatura".
O governante explica a proposta que apresentou aos sindicatos: "Concentrámo-nos hoje em apresentar uma proposta salarial que procura ir ao encontro das expectativas dos profissionais e que tem em conta a base negocial. O que nós propusemos foi um aumento diferenciado, um aumento maior em relação aos médicos recém-especialistas de 12,7%. Um aumento para os assistentes graduados, a fase seguinte na carreira, um pouco superior a 11% e um aumento de cerca de 10%, 9,6%, para os que estão no topo da carreira."
Para Pizarro, esta é "uma proposta que representa um enorme esforço orçamental, no limite daquilo que é possível, respeitando as contas públicas, até porque esta proposta soma-se a todas as outras".
"A nossa expectativa é que em janeiro pelo menos 250 novas unidades de saúde familiar modelo B, o que significa que mais 300 mil portugueses terão acesso a equipa de saúde familiar, mas significa também para os profissionais um aumento de remuneração na ordem dos 60%. E um reforço do modelo de dedicação plena (...) onde a adesão dos médicos significará um aumento salarial superior a 40%", refere Manuel Pizarro.
Terminou sem acordo, mas com uma aproximação a nível salarial, pelo menos para o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), mais uma reunião de negociações entre os representantes dos médicos e o Ministério da Saúde.
"Não chegámos a acordo esta tarde", confirmou Jorge Roque da Cunha, líder do SIM, que anunciou à saída deste encontro com a tutela a marcação de uma derradeira reunião para a tarde da próxima terça-feira.