Os autarcas do Algarve vão fechar piscinas no litoral e diminuir a rega em espaços verdes.
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No âmbito da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), os autarcas da região, que esta sexta-feira estiveram reunidos por videochamada com o Ministro do Ambiente, pediram para que as regras sejam alteradas de modo a que os municípios possam cortar os contadores de rega nos domicílios privados.
"Pedimos que nos disponibilizassem outros instrumentos, porque quando 90% do consumo urbano é feito por famílias, temos que as sensibilizar (...) e temos que arranjar formas de penalizar os que não cumprem (...), mas também possibilitando que se retirem os contadores de rega", afirmou o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL).
António Miguel Pina esclarece que esses contadores de rega pagam a água a um preço mais baixo, visto que não têm incluída a taxa dos resíduos.
No dia 15 de junho avançará também uma campanha para sensibilizar os munícipes para a necessidade de poupar água. O presidente da AMAL sublinha que os 16 municípios da região gastam apenas 5 a 10% da água do consumo urbano, os restantes 90% são representados pelo consumo das famílias.
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Para compensar esse consumo, que vai aumentar no verão com o crescimento do turismo, os autarcas garantem que vão fazer a sua parte e reduzir a rega de espaços verdes, bem como fechar piscinas que fiquem situadas no litoral. O autarca afirma que têm pela frente um desafio, o de "assumir o desígnio regional de que no final deste ano o consumo urbano seja de crescimento zero em relação a 2019", considerado o melhor ano de turismo. No entanto, o presidente da AMAL considera que será "um desafio difícil", visto que todas as previsões apontam para que o setor turístico cresça ainda mais em 2023.
António Miguel Pina considera que atualmente estão a ser tomadas medidas para combater a seca, mas que se devia ter antecipado as alterações climáticas. No entanto, no passado, "nem todos os decisores estiveram de acordo, por exemplo em relação à dessalinizadora", esclarece. Aliás, em sua opinião, uma dessalinizadora como a que está pensada construir, que terá capacidade para 24 hectómetros, será insuficiente. "Pode ser estratégico ter uma resiliência maior, e ter no lado do sotavento uma outra unidade semelhante para termos uma reserva superior a 50% para o abastecimento público", sublinha. O estudo de impacto ambiental e a localização da dessalinizadora deverão ser conhecidos durante este mês de junho.
Perante anos de seca cada vez mais frequentes, o presidente da AMAL considera, que no futuro, terão que existir outras estratégias, para manter a agricultura, o golfe e o turismo. "Por agora temos que parar, mas de futuro não podemos abdicar de continuarmos a crescer", aponta. "Existe muita água no País e noutras albufeiras, e ela é de todos os portugueses", adverte.