Especialista alerta para a urgência de "acelerar a eliminação faseada do carvão em todo o mundo".
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Ainda não estamos a fazer um bom trabalho quanto às alterações climáticas, alerta Jos Delbeke, especialista em política climática do Instituto Universitário Europeu.
"O facto brutal e assustador é que hoje ainda não chegámos ao pico das emissões de CO2, apesar de termos reconhecido, em 1992, no Rio de Janeiro, que havia um problema de alterações climáticas. Ainda não estamos com um bom desempenho em termos globais."
Em declarações no Fórum Sustentabilidade e Sociedade, em Matosinhos, Jos Delbeke desenvolve a ideia e alerta que a Comissão Europeia vai ter de se adaptar a uma nova estratégia geopolítica.
"Os dados mais dececionantes que tenho para mostrar é que, a nível global, estamos prestes a atingir o pico das emissões por causa da Guerra na Ucrânia, mas ainda não atingimos o pico das nossas emissões de CO2. Ainda não a estamos a diminuir globalmente a quantidade de emissões de CO2. O carvão é o principal culpado, sabemos que se começarmos a acelerar a eliminação faseada do carvão em todo o mundo, vamos ter um quadro muito diferente."
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"Depois, o Green Deal é um grande programa de investimento baseado na inovação de baixo carbono, estimulado pela taxação do carbono. E esse sistema de cobrança pelo carbono está a expandir-se e também oferece condições para acelerar a transição para as energias renováveis", aponta Jos Delbeke.
"E a guerra na Ucrânia pode ser um fator que ajude, mas há outro onde ainda não me detive. Estamos a entrar numa nova realidade geopolítica e a perceber o quanto dependíamos dos nossos vizinhos de Leste, não só por energia e gás, mas também matérias-primas. Com certeza, a Comissão vai ter de partir pedra sobre como enfrentar os desafios e desenvolver-se numa nova estratégia geopolítica que será necessária."