Buscas a Rio? "Confio inteiramente nele e não quero deixar de o dizer publicamente"
Pedro Santana Lopes diz não querer deixar Rui Rio sozinho ao não comentar o caso e garante que a questão dos pagamentos a funcionários de partidos "tem décadas".
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O antigo primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Santana Lopes garante que o uso de dinheiro da Assembleia da República para pagar aos funcionários dos partidos é uma prática que "tem décadas" e, também por isso, solidariza-se com Rui Rio, que esta quarta-feira foi alvo de buscas domiciliárias por parte da Polícia Judiciária numa operação em que são investigadas suspeitas de crimes de peculato e abuso de poder.
No seu espaço de comentário semanal no programa Não Alinhados, da TSF, Santana Lopes fez questão de dizer publicamente que confia "inteiramente" no antigo adversário e companheiro político, cuja "integridade e honestidade" defende.
Sobre os pagamentos a funcionários dos grupos parlamentares e partidos, Santana Lopes confessa ter "a ideia de que isso tem décadas, independentemente de ser certo ou errado" e estabelece até um paralelismo com "a história das viagens para ver jogos da seleção".
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"Durante décadas, as pessoas eram convidadas: políticos, não sei se jornalistas também, comitivas, governantes, oposição, poder, empresários... De repente, passou a ser entendido que podia ser aliciamento ilegítimo", conta o atual presidente da câmara da Figueira da Foz.
"Eu até uma vez testemunhei nesse processo das viagens e, na PJ, julgavam que eu não tinha ido por achar tudo isso mal. Eu disse: "Olhe, eu não vou, acima de tudo recusei sempre esses convites porque não gosto de viagens em grupo'", revela, afastando estar a dizer que é "melhor do que os outros".
"Quando as minhas secretárias me diziam: 'Tem um convite para ir ver o jogo da seleção não sei onde", eu dizia: "Não vou, muito obrigado, agradeça'", conta, explicando que essas viagens começaram a ser consideradas erradas "a partir de certa altura" e que, no caso do pagamento a funcionários de partidos, aplica-se a mesma evolução.
"Vários partidos fizeram ou fazem isto. Aliás, as pessoas serem pagas na Assembleia da República e estarem ou não no partido... Hoje em dia até há o teletrabalho, podem estar em casa", notou.
Sem querer comentar o caso das buscas a Rio e ao PSD em detalhe, Santana Lopes insistiu em não deixar Rui Rio "entregue à sua sorte" ao não comentar o caso "como se não o conhecesse".
"Não, eu conheço-o muito bem há muitos anos e esta situação choca-me. Tem de se respeitar o que a PJ entende, mas não digo só que não comento. Confio inteiramente nele e não quero deixar de o dizer publicamente", vincou.
"Se há pessoa que procura ser sempre extremamente cuidadosa com essas matérias, é ele", garante Pedro Santana Lopes, que diz nem compreender muito bem "o que é que poderia estar em casa de Rui Rio. Documentos, talvez, pensando aqui alto".