A autarquia lisboeta fecha o trânsito por tempo indeterminado na zona ribeirinha. A coordenação da Jornada diz que "não sabia de nada", por isso nada foi previsto no plano de mobilidade: por exemplo, um palco no Terreiro do Paço.
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É mais um sobressalto. Depois da polémica sobre os custos do altar-palco, a coordenação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), afirma à TSF estar "em pânico" com os cortes ao trânsito que entraram em vigor esta quarta-feira (26 de abril) na baixa da cidade. Sobretudo porque não sabiam de nada. "Não fomos consultados", conta.
O plano de obras da autarquia implica o corte do trânsito no coração da cidade por tempo indeterminado, com exceção para moradores, quem trabalha na zona ou veículos turísticos, mas mesmo para esses o espaço de circulação será estreito.
O mapa apresentado há uma semana deixava claro que as "obras não vão parar por causa da Jornada Mundial da Juventude, pode é haver acertos pontuais", disse na altura Filipe Anacoreta Correia, vereador com o pelouro da Mobilidade e vice-presidente da câmara.
Fontes do gabinete de Jose Sá Fernandes, o coordenador nomeado pelo Governo, afirmam que foram apanhados totalmente de surpresa pelo plano da autarquia, por sinal parceiro na organização da JMJ.
Logo no início de abril, Sá Fernandes e a empresa privada contratada para estudar a circulação em Lisboa apresentaram a primeira fase do plano de mobilidade para a JMJ. Garantem-nos que, na altura, "a câmara não comunicou qualquer plano para condicionar o trânsito na cidade", plano esse que veio a ser apresentado dias mais tarde.
Está em causa o período que já é tradicionalmente um pico de turistas na capital, mas em que também são esperadas cerca de um milhão e 200 mil pessoas a mais para a JMJ. Há, por exemplo, um palco no Terreiro do Paço, uma Cidade da Alegria e um Parque do Perdão, em Belém - todos pensados para grandes aglomerações que não se sabe bem como lá chegarão.
Com as restrições agora decretadas pela Câmara de Lisboa, será preciso repensar tudo. Antes de mais, será essencial que autarquia e representantes do governo se reúnam e conversem, o que, tanto quanto foi possível perceber, ainda não está sequer agendado.
A TSF tentou ouvir José Sá Fernandes, dizem-nos que está fora do país. Aguardamos, entretanto, esclarecimentos da Câmara de Lisboa sobre as queixas de falta de diálogo com os restantes organizadores da Jornada Mundial da Juventude.