Candidato à Ordem dos Médicos quer "pedrada no charco" para resolver problemas do SNS
Bruno Maia ambiciona um SNS justo para todos, utentes e profissionais.
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A corrida para a cadeira de bastonário da Ordem dos Médicos já tem quatro candidatos e ainda faltam mais de cinco meses para as eleições. O nome mais recente a entrar na corrida é o neurologista Bruno Maia que, no dia em que apresenta a candidatura, defende que a Ordem precisa de uma "pedrada no charco" para resolver os vários problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"A Ordem dos Médicos está a precisar de uma pedrada no charco, ou seja, neste momento temos vários problemas no Serviço Nacional de Saúde. Mais de um milhão de pessoas sem médico de família, urgências que continuam a fechar por falta de profissionais médicos e temos listas de espera que continuam a aumentar por falta de profissionais médicos no SNS. Do que precisamos nesta fase é de uma Ordem dos Médicos verdadeiramente empenhada na defesa do Serviço Nacional de Saúde público, universal, de qualidade e que, ao mesmo tempo, seja capaz de defender as carreiras médicas como um garante de qualidade na prestação de cuidados de saúde em Portugal, sobretudo na prática de medicina. O serviço público e as carreiras médicas estão intrinsecamente ligados e são a forma de garantirmos que há uma prática de medicina ética, humanista e, ao mesmo tempo, chega a todos em Portugal", explicou à TSF Bruno Maia.
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O candidato, atual membro da mesa nacional do Bloco de Esquerda, quer um SNS justo para todos, utentes e profissionais e quer criar uma carreira para jovens médicos para evitar a fuga para o privado ou para o estrangeiro.
"Neste momento, no Serviço Nacional de Saúde, os futuros especialistas e jovens médicos não têm uma carreira pela frente. Isto significa que nos últimos 20 anos estivemos a contratar os médicos e restantes profissionais de saúde com base em contratos individuais de trabalho. Estamos a dizer a todos estes profissionais que vão ficar no fundo da tabela salarial e, muito provavelmente, dela não sairão até ao final da sua carreira. Isto não é uma carreira, é um ensaio ou fantasia de carreira que não existe", afirmou o candidato a bastonário da Ordem dos Médicos.
Um dia depois de o Presidente da República ter promulgado o diploma do novo estatuto do SNS, Bruno Maia não entende a ideia de criar uma direção executiva.
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"Ninguém percebe qual é a necessidade de criação de um CEO do SNS, mais uma estrutura de gestão intermediária que não se sabe muito bem o que vai fazer às restantes estruturas que já existem. Já temos estruturas de gestão nacionais e mais locais, como as ARS, que são regionais. Ainda não percebemos o porquê da criação de mais uma estrutura. Considero que esta proposta do CEO simplesmente vem ofuscar aquilo que falta fazer e que é necessário e urgente para o Serviço Nacional de Saúde", defendeu.
Médico natural do Porto, Bruno Maia quer ainda promover a relação da Ordem dos Médicos com as restantes ordens do setor e com os sindicatos. Um cenário que ajude a resolver os problemas estruturais do SNS que deve ser de todos para todos.
"Não tenho problemas em falar sobre a relação entre a Ordem e os sindicatos até porque já estive na direção de um sindicato dos médicos e conheço bem o papel da Ordem e dos sindicatos. Aquilo que a Ordem tem de fazer neste momento, além das tarefas de regulação e de disciplina dos médicos, é aproveitar a plataforma que tem para priorizar o Serviço Nacional de Saúde na defesa das carreiras médicas e dos utentes e dos seus direitos. Candidato-me a bastonário também para levar a voz daqueles que são os mais precários e mais jovens, entre os médicos e as médicas em Portugal, propondo, ao mesmo tempo, que existam cada vez mais movimentos comuns entre Ordem e sindicatos e, sobretudo, entre os diferentes profissionais do Serviço Nacional de Saúde", acrescentou Bruno Maia.
Entre os restantes candidatos estão Rui Nunes, médico e professor catedrático na Universidade do Porto, o reumatologista Jaime Branco e o cardiologista Fausto Pinto.
As eleições para a Ordem dos Médicos acontecem em janeiro do próximo ano.