Mais de dez médicos acusam a administração de ameaças.
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Quase todos os chefes de urgência de Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, demitiram-se esta sexta-feira.
Os profissionais de saúde acusam a administração do hospital de ameaças e recusam trabalhar horas extra, avança a SIC Notícias.
Em declarações à agência Lusa Federação Nacional dos Médicos (FNAM), todos os médicos apresentaram a carta de demissão do cargo com exceção de um.
A presidente da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá, confirmou as demissões destes médicos e relatou à TSF o que se passou.
"O que aconteceu foi que, tendo em conta os acontecimentos recentes, os médicos entregaram minutas em que não estão mais disponíveis para fazer horas extraordinárias além das 150 horas anuais, que é o que está previsto na lei por uma questão de segurança para os médicos e para os doentes. Posto isto o que aconteceu é que o conselho de administração reuniu os médicos para os ouvir há dois dias e onde, acima de tudo o que lhes fez foram ameaças. Ameaçaram que teriam de devolver o pagamento do valor do trabalho extraordinário feito até à data, assim como ameaçaram que iam cancelar férias. Face a isto, os médicos, uma vez mais, num ato de coragem e perfeitamente democrático, entenderam, em consciência, que tinham de se demitir dos cargos de chefe e subchefe de equipa", explicou Joana Bordalo e Sá.
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A TSF procura também esclarecimentos do conselho de administração do Hospital de Santa Maria e de Alexandre Valentim Lourenço, que é diretor interino do serviço de obstetrícia e ginecologia. Contactámos também a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, que remeteu esclarecimentos para o Santa Maria.
A noticia surge dias depois da decisão de exonerar o diretor de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução do Hospital de Santa Maria, Diogo Ayres de Campos, por "colocar em causa" a colaboração com o Hospital São Francisco Xavier durante as obras da nova maternidade do Hospital Santa Maria.
O Santa Maria vai fechar as portas da urgência de obstetrícia e o bloco de partos a partir de 1 de agosto para dar lugar a obras de requalificação durante dois meses. A maioria dos partos passará a ser feita no hospital São Francisco Xavier, que até agora encerrava de forma rotativa aos fins de semana e volta, assim, a funcionar de forma ininterrupta sete dias por semana.
Entre os 34 médicos do Departamento de Obstetrícia e que assinaram uma carta com queixas à administração pela forma como irão ser transferidos para o São Francisco Xavier, muitos ameaçam esta terça-feira sair rumo ao setor privado.
Notícia atualizada às 14h59