Conduta de governador avaliada. Frente Cívica defende que Centeno deve "abandonar" o cargo
O presidente da Frente Cívica sublinha que a Comissão de Ética "já está a reunir tarde demais".
Corpo do artigo
A conduta do governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, vai ser avaliada pela Comissão de Ética, após o nome do antigo ministro das Finanças ter sido proposto para primeiro-ministro, na sequência da crise política que levou à demissão de António Costa, avançou este sábado o Eco. Para a Frente Cívica, só há "uma solução": Centeno deve abandonar o cargo.
TSF\audio\2023\11\noticias\11\paulo_morais_1_ja_vem_tarde
A comissão, liderada por Rui Vilar, pretende analisar um eventual conflito de interesses ou incompatibilidade neste caso já esta segunda-feira.
O presidente da Frente Cívica, Paulo Morais, sublinha que para Mário Centeno se "prontificar a representar um partido - que é uma posição que obviamente não é compaginável com a independência do cargo de governador do BdP -, teria de ter consultado o conselho de administração do banco e a Comissão de Ética", considerando, por isso, que a esta avaliação já vem tarde.
"A Comissão de Ética já está a reunir tarde demais, deveria ter-se pronunciado sobre esta matéria antes de ter sido anunciado o nome de Mário Centeno para a possibilidade de vir a ser primeiro-ministro em nome do PS.
TSF\audio\2023\11\noticias\11\paulo_morais_2_tem_de_sair
Paulo Morais diz que isto é "o mínimo que se exige", reforçando que, a ser verdade que o antigo ministro das Finanças "aceitou como possibilidade ou eventualidade vir a ser primeiro-ministro, nomeado pelo Presidente da República, mas sob sugestão de um partido", então "devia ter consultado a Comissão de Ética previamente".
A Frente Cívica já tinha escrito uma carta ao governador do Bdp a questionar a idoneidade de continuar no cargo e a independência da instituição. Para Paulo Morais, "não foram acauteladas as questões centrais de ética e de independência do BdP, pelo que a posição do governador "está ferida de morte".
"Mário Centeno, independentemente do que venha a dizer a comissão de ética só tem uma solução: abandonar o lugar de governador do BdP, porque pôs em causa toda a independência do BdP, no momento em que coloca em causa a independência do próprio governador", atira.
O primeiro-ministro demissionário revelou que propôs o nome de Mário Centeno como seu sucessor na liderança do Executivo. Ao não o aceitar, Marcelo Rebelo de Sousa "preferiu" então convocar eleições.