Costa abre o jogo: a rejeição de Centeno, "dez a zero" a Montenegro, o futuro de Galamba e o dinheiro escondido
Sem expressar preferências quanto ao próximo líder dos socialistas, António Costa garante que "vários dirigentes do PS" goleiam o líder da oposição "em experiência executiva, capacidade executiva e capacidade de liderança do país".
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Foi depois de uma curta caminhada de mão dada com a mulher que António Costa chegou à sede do PS, no Largo do Rato, pronto para falar aos jornalistas pela primeira vez desde que anunciou o seu pedido de demissão e já depois de ter ouvido Marcelo Rebelo de Sousa marcar eleições para 10 de março do próximo ano, mantendo-o a liderar o Governo até que o Orçamento do Estado para 2024 seja aprovado.
Centeno era o escolhido
Com garantias aos jornalistas no local de que tinha tempo e vontade de falar, o ainda primeiro-ministro revelou que propôs o nome de Mário Centeno, atual governador do Banco de Portugal e antigo ministro das Finanças, como seu sucessor na liderança do executivo. Ao não o aceitar, Marcelo Rebelo de Sousa "preferiu" então convocar eleições.
"Obviamente, o PS está sempre pronto para eleições e respeita a decisão do Presidente da República. Foi uma escolha do próprio, visto que o Conselho de Estado não se pronunciou relativamente a essa proposta", apontou, revelando a discordância face à decisão do chefe de Estado.
Para António Costa, "o país não merecia ser de novo chamado a eleições", mas sim "aproveitar a estabilidade que existe", em especial num "contexto de grande incerteza internacional", liderado por "uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado a admirado pelos portugueses, com forte prestígio internacional".
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Dirigentes do PS "dão dez a zero" ao líder da oposição
Em tom já quase eleitoral, e desafiado a revelar se vai apoiar alguma candidatura à liderança do PS, António Costa não quis alongar-se em comentários sobre a vida interna do seu partido, mas aproveitou para deixar farpas aos outros.
"Como sempre disse, tenho um grande orgulho de fazer parte de um partido desde os 14 anos que tem uma qualidade extraordinária de quadros", algo que não diz ver no líder da oposição quando comparado com "vários dirigentes do PS".
"Eu diria que dão dez a zero em experiência executiva, capacidade executiva e capacidade de liderança do país relativamente ao líder da oposição", apontou, referindo também que no PS, por ser um "partido republicano, não há sucessores", mas sim candidatos a liderar o partido "que depois têm ou não o apoio" dos pares.
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Galamba é assunto ainda por tratar
Sobre João Galamba, ministro das Infraestruturas que já é arguido na investigação aos negócios do lítio e hidrogénio verde, António Costa indicou que esta sexta-feira estará na Assembleia da República, nas audições sobre o Orçamento do Estado para 2024, ainda na qualidade de governante.
Já quanto ao futuro deste, ficou "de falar com o senhor Presidente da República sobre esse assunto".
"Mal soube" do dinheiro escondido, demitiu Escária
Quanto à Operação Influencer e à revelação de que o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, tinha perto de 76 mil euros escondidos no seu local de trabalho, em São Bento, o primeiro-ministro reconheceu que "não sabia disso", mas que agiu em conformidade.
"Mal soube, fiz aquilo que obviamente se impunha, que era demiti-lo", garantiu. Durante as buscas realizadas na residência oficial do primeiro-ministro, na última terça-feira, os investigadores da PSP e da Autoridade Tributária encontraram no gabinete de Vítor Escária 75.800 euros em numerário, que estariam em envelopes dentro de livros e numa caixa de vinho.
O advogado do chefe de gabinete do primeiro-ministro garantiu que o dinheiro apreendido nas buscas relacionadas com o caso do lítio e hidrogénio "não tem nada que ver" com este processo.
Entretanto, o primeiro-ministro nomeou para o lugar de chefe de gabinete o major general Tiago Vasconcelos, até agora assessor militar de António Costa.