Costa deixa divulgação do parecer nas mãos da AR e admite que Lufthansa é "bem-vinda" na compra da TAP
Líder do Governo recusa comentar a ação dos deputados e assinala que o executivo lhes "responde politicamente".
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Com António Costa e Olaf Scholz lado a lado depois da reunião que juntou os líderes dos governos de Portugal e da Alemanha, foi a TAP que marcou a conferência de imprensa dos protagonistas. A possível compra da companhia aérea portuguesa pela Lufthansa foi o primeiro tema, mas Costa tocou ainda no polémico parecer que sustenta a demissão da antiga CEO da TAP que o Governo recusa divulgar.
O primeiro-ministro recusa dar mais explicações sobre o assunto, mesmo depois de Luís Montenegro acusar o Executivo de desobediência. Para Costa, "este é o tempo do Parlamento" e o Governo "respeita" as decisões.
"As comissões parlamentares de inquérito são comissões parlamentares, decorrem no parlamento e a Assembleia da República é um órgão de soberania que temos de respeitar. Era o que falava o Governo não respeitar as decisões do parlamento, a sua autonomia e o seu normal funcionamento. O Governo não comenta a ação do parlamento, o Governo responde politicamente perante o Parlamento", respondeu.
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Perante a insistência, e confrontado com as explicações da ministra dos Assuntos Parlamentares, o primeiro-ministro insiste que "é um dever de transparência numa sociedade democrática" e defende que o Governo "tem cumprido o seu dever de explicar à opinião pública a fundamentação das decisões que toma".
Questionado pelos jornalistas sobre a venda da TAP, tendo em conta que o processo de privatização "se inicia em breve", o primeiro-ministro não diz se o assunto esteve em cima da mesa na reunião com o chanceler alemão, mas admite que a Lufhtansa e a TAP complementam-se.
"A Lufthansa é muito bem-vinda, é uma grande companhia aérea. Tem uma estratégia de grande complementaridade relativamente ao hub da TAP", disse.
Ainda assim, o Governo vai "respeitar" as decisões e "tem de assegurar um processo transparente" no processo de privatização, "onde todos partem em posição de igualdade".
"Nas pré-consultas ao mercado verificámos que há várias empresas que manifestaram interesse, entre elas a Lufthansa. Sabemos que o interesse da Lufthansa não é recente, já que antes da Covid-19 tinha estado em negociações", lembrou.
Também Olaf Scholz lembrou que, se não fosse a pandemia, a TAP já podia estar nas mãos da companhia aérea alemã, tendo em conta as negociações, na altura, com o acionista privada.
O chanceler deixou rasgados elogios a António Costa e agradeceu o apoio português à Ucrânia.