Costa pede "desculpa" e afasta-se de Escária e de Lacerda Machado: "Um primeiro-ministro não tem amigos"
Costa fala em "ideia perigosa" e rejeita que "governantes não devem agir para atrair e simplificar investimentos".
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Foram as primeiras palavras do primeiro-ministro, na declaração em horário nobre, admitindo que está magoado e envergonhado" pelos envelopes de dinheiro encontrados em São Bento, no gabinete de Vítor Escária, chefe de gabinete, levando a um "pedido de desculpa aos portugueses".
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O primeiro-ministro demissionário começa por lembra que o país "foi surpreendido" por "suspeitas graves" que levaram à demissão do Governo, tal como o próprio. Ainda assim, António Costa entende que ninguém deve fazer o trabalho da justiça, "em quem confia".
"Sem me querer substituir à justiça, não posso deixar de partilhar com os meus concidadãos que a apreensão de envelopes com dinheiro no gabinete de uma pessoa que escolhi para comigo trabalhar, mais do que me magoar pela confiança traída, envergonha-me perante aos portugueses e aos portugueses tenho o dever de pedir desculpa", atirou.
Numa outra esfera, o primeiro-ministro defendeu que é "dever" dos governos procurar investimento estrangeiro, lembrando que houve aumento de investimento durante a sua liderança, "de que tem orgulho". Costa entende ainda que "a simplificação de burocracias" é essencial e "promove a democracia".
"Nunca por nunca pode resultar de uma decisão arbitrária de qualquer membro do Governo. A todos os que querem investir em Portugal, digo que esse investimento é bem-vindo", acrescentou.
Costa afasta-se de Escária e de Lacerda Machado: "Um primeiro-ministro não tem amigos"
Sobre a detenção de Vítor Escária, chefe de gabinete, admite que "desconhece a sua versão sobre o que tem vindo na comunicação social", já que "não teve oportunidade de falar com ele". Rejeita fazer "juízos" sobre o caso.
No entanto, Escária "traiu a sua confiança" pelos envelopes com dinheiro que guardou no seu gabinete.
Já Diogo Lacerda Machado "não tinha mandato para fazer o que seja", e Costa garante que "nunca falou com ele" sobre estas circunstâncias. Além disso, nunca o fez "com o seu conhecimento ou interferência".
"Num momento de infelicidade disse que era o meu melhor amigo, mas um primeiro-ministro não tem amigos", reconheceu.
Costa fala em "ideia perigosa" e rejeita que "governantes não devem agir para atrair e simplificar investimentos"
O primeiro-ministro "não tem qualquer receio" quanto ao rating de Portugal, e garantiu várias vezes que todo o investimento "será bem acompanhado" e ninguém tem de ter "medo" de investir no país.
Quanto à justiça, Costa "não quer interferir" e volta a garantir que "nada lhe pesa na consciência". Decidiu fazer a comunicação no sábado à noite, em horário nobre, porque verificou "que havia uma ideia perigosa de que os governantes não devem agir para atrair e simplificar investimentos.
"São ideias perigosas para o futuro do país", diz, aconselhando os futuros governante a não terem receio de definirem estratégias e procurarem investimento estrangeiro.