Presidente da Iniciativa Liberal considera, contudo, que de todos os casos do Governo de maioria do PS este foi "um dos que mais rapidamente se resolveu".
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Para João Cotrim de Figueiredo, presidente da Iniciativa Liberal, a demissão da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, peca por tardia.
"Peca por tardia embora tenha de ser reconhecido que, dos oito ou nove casos que este Governo de maioria do PS tem, foi um dos que mais rapidamente se resolveu. É grave o suficiente para que o PS se tenha mexido mais depressa do que é costume, o que nos dá a entender que talvez este não seja o fim da história. Não só porque Alexandra Reis ainda tem explicações a dar sobre a saída da TAP. Tendo sido exonerada a seu pedido, o que é que se passava nas relações do conselho de administração e o que esteve exatamente na origem da sua saída, porque não foi certamente uma questão de competência, senão não teria sido nomeada dois meses depois para a NAV e oito meses depois para a secretaria de Estado do Tesouro. Há explicações a dar do lado de Alexandra Reis e do lado da CEO da TAP, que comunicou à CMVM que se tinha de tratado de uma renúncia e agora sabemos que não terá sido bem assim", defendeu à TSF João Cotrim de Figueiredo.
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Alexandra Reis esteve envolvida nos últimos dias numa polémica relacionada com a TAP, após o Correio da Manhã ter noticiado no sábado que esta recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos. Meses depois, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).
Na segunda-feira, os ministros das Finanças e das Infraestrutura e Habitação pediram à administração da TAP "informações sobre o enquadramento jurídico do acordo" celebrado com Alexandra Reis, incluindo a indemnização paga.
Ao início da noite foi conhecido o esclarecimento da TAP segundo o qual Alexandra Reis pediu inicialmente 1,4 milhões de euros de indemnização no âmbito do seu acordo para cessar funções na companhia, mas acabou por receber 500 mil euros.
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"Como contrapartida pela cessação de todas as referidas funções contratuais, e não obstante a pretensão inicial de AR [Alexandra Reis] se cifrar em 1.479.250 euros, foi possível reduzir e acordar um valor global agregado ilíquido de 500.000 euros a pagar" à atual governante, lê-se no documento da TAP divulgado na quinta-feira.
Os ministros Fernando Medina e Pedro Nuno Santos anunciaram ao mesmo tempo ter enviado o esclarecimento da TAP para a IGF e para a CMVM.
Na segunda-feira, numa declaração escrita enviada à agência Lusa, Alexandra Reis assegurou que devolveria "de imediato" qualquer quantia que lhe tivesse sido paga e que acreditasse não estar no "estrito cumprimento da lei" na sua saída da companhia aérea.