Da esquerda à direita, as reações à morte do histórico socialista sucedem-se.
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Mário Soares reagiu à morte do histórico socialista numa nota enviada à agência Lusa por fonte próxima do antigo chefe de Estado e fundador do Partido Socialista. Na mensagem lê-se que "Mário Soares está profundamente triste com a morte do seu amigo Almeida Santos".
Numa declaração na Assembleia da República, Carlos César, o Presidente do Partido Socialista, recorda "um orador admirável, escutado e respeitado, dentro e fora do Parlamento", que "deu corpo a muitas gerações no Partido Socialista, que deram continuidade e sentido renovatório ao PS nestes últimos 40 anos".
Ferro Rodrigues lembra que, até ao fim, Almeida Santos "esteve empenhado nas causas da cidadania". O Presidente da Assembleia da República lembrou "um dos grandes estadistas destes 41 anos de Democracia", "jurista reputado e culto, grande orador e escritor".
Também na Assembleia da República, numa declaração à comunicação social, Ferro Rodrigues recordou ainda alguém que "deixou a sua impressão digital em muitas e importantes leis da República, por isso muitos o recordam como o grande legislador da Democracia".
O ministro dos Negócios Estrangeiros, em visita a Cabo Verde, lembrou a importância de Almeida Santos para o país. Augusto Santos Silva falou de um "dia muito triste", em que desapareceu "um dos construtores da Democracia Portuguesa".
António Reis, historiador e fundador do PS, recorda o papel de Almeida Santos na descolonização e sublinha que o histórico socialista era favorável a uma independência legitimada por referendos.
Vera Jardim diz que perde um grande amigo, um homem afável, que sempre conseguiu consensos e que "teve um papel fundamental na construção do sistema jurídico português".
A reação dos candidatos presidenciais
Sampaio da Nóvoa cancelou as atividades de campanha marcadas para esta tarde. O antigo reitor da universidade de Lisboa tinha agendada uma visita a uma Escola Secundária em Setúbal às 15:00 e depois ia à Universidade Sénior de Almada. Esta manhã, à chegada ao Cais do Seixalinho, no Montijo, o candidato presidencial falou de "uma perda grande" e homenageou Almeida Santos pelo que representou "na luta pela liberdade".
Sampaio da Nóvoa salientou ainda a grande estima pessoal e reconhecimento pelo trabalho do Presidente Honorário do PS.
Marcelo Rebelo de Sousa recorda o percurso político e pessoal de Almeida Santos que acompanhou. Para o candidato "para além da luta contra a Ditadura, foi um homem essencial à construção jurídica da Democracia, sobretudo como ministro da Justiça e também como Conselheiro de Estado. Foi o pai de muitas leis que permitiram esse arranque democrático, com a sua inteligência, cultura, capacidade jurídica e vocação para os consensos".
Marisa Matias, a candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda, fala de "uma perda para a Democracia em Portugal".
Também Edgar Silva, que reúne o apoio do PCP, lembra "uma pessoa que tem uma longa história de intervenção política".
Vitorino Silva recorda os tempos em que foi presidente da Junta de Freguesia de Rans e em que Almeida Santos, na altura presidente do Partido Socialista, foi fazer campanha com ele à aldeia. Foi em 1993. Na altura o presidente do Partido Socialista foi à aldeia, uma visita que fez diferença.
Da esquerda à direita, elogios unânimes
Também o histórico dirigente comunista Domingos Abrantes, recém-eleito Conselheiro de Estado, lamentou a morte de um resistente à Ditadura.
O antigo Presidente do CDS, Adriano Moreira, considerou "Almeida Santos um homem íntegro, muito sabedor, muito fiel aos amigos e aos princípios, e sempre um conciliador das divergências. A intervenção dele na vida do Estado foi exemplar. Foi certamente um dos legisladores mais importantes que temos, um grande jurista, um grande democrata, e também um grande português".
O corpo de Almeida Santos vai estar em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, esta terça-feira, a partir das 17:00. O funeral realiza-se amanhã, quarta-feira, no Alto de São João.
Mais reações
O antigo primeiro-ministro, António Guterres, disse que este era um momento "particularmente doloroso". Guterres recordou ainda Almeida Santos como um homem bom, inteligente e um amigo.
Leia aqui o perfil de António Almeida Santos