Guarda Nacional Republicana adianta que estão em causa questões ligadas ao "alojamento, alimentação, falta de pagamento de remunerações e eventualmente maus-tratos físicos".
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As autoridades estão a investigar uma denúncia de maus-tratos por parte da entidade patronal a oito imigrantes indianos colocados a trabalhar numa aldeia de Vinhais, por uma empresa da zona do Minho, avançou esta terça-feira à agência Lusa a GNR.
Em causa estão "maus-tratos da entidade patronal" relacionados com "alojamento, alimentação, falta de pagamento de remunerações e eventualmente maus-tratos físicos", de acordo com informação disponibilizada à Lusa pelas relações-públicas do comando territorial de Bragança da GNR.
Os oito imigrantes estavam alojados no edifício degradado da casa do povo de Pinheiro Novo, cedida pela Junta de Freguesia a pedido de associação de baldios, a entidade que adjudicou os trabalhos de reflorestação que estavam a ser executados pela empresa Turma Rústica de Vila Verde, no distrito de Braga.
A denúncia da falta de condições chegou à GNR em 15 de fevereiro "através de uma chamada telefónica de uma das vítimas".
Os oito queixosos são todos homens, com idades entre os 22 e os 44 anos.
Segundo a fonte, deslocaram-se ao local a GNR, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o Ministério Público, a Cruz Vermelha e a Junta de Freguesia com um tradutor.
Os imigrantes alegaram que "se encontravam a trabalhar com pagamentos mensais em atraso e que havia problemas sobre o alojamento e alimentação", resumidos pelas autoridades como "maus-tratos da entidade patronal", incluindo "eventualmente maus-tratos físicos".
Estas pessoas foram encaminhadas para um centro de acolhimento e o caso continua a ser investigado, sob a tutela do Ministério Público, para apurar "os contornos" do que se passou, de acordo com a GNR.
Entre as entidades locais envolvidas, a Lusa conseguiu apenas falar com o presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes, que disse que a autarquia "nunca foi contactada por ninguém" sobre os problemas descritos.
O autarca afirmou que só teve conhecimento da situação pela presidente da Junta de Freguesia quando as autoridades policiais estiveram no terreno e que "constatou que a situação não era sustentável".
O presidente da Câmara de Vinhais mostrou-se convicto de que a presidente da União de Freguesias de Quirás e Pinheiro Novo cedeu o edifício da casa do povo "de boa vontade, agiu de boa-fé", apesar de as instalações não terem condições, nomeadamente sanitárias.
O autarca disse ainda que, depois da intervenção das autoridades, alguns dos imigrantes foram embora de Vinhais e outros quiseram regressar à casa do povo de Pinheiro Novo até acabar o contrato.
De acordo com o autarca, estes últimos foram embora na sexta-feira, 31 de março, e "neste momento já não há ninguém" nas instalações.