Em cenário de eleições, Fenprof "confia" em todos os partidos para recuperar tempo congelado
Mário Nogueira afirma, em declarações à TSF, que o Orçamento do Estado "deixa completamente para trás a educação e os profissionais de educação".
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Perante a atual crise política, após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, e numa altura em que se aguarda a decisão do Presidente da República, a Fenprof diz-se "confiante" de que, num cenário de eleições, "todos os partidos" defendam a contagem do tempo congelado.
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Há um mês, o líder do PSD, Luís Montenegro, defendeu a recuperação do tempo perdido dos professores em cinco anos, com 20% por cada ano. Confrontado pela TSF com estas declarações, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, evita responder se, no caso de eleições antecipadas e de uma eventual vitória do PSD, essa situação seria boa para os professores.
"Não é bom nem é mau. Evidentemente que nós estamos confiantes de que conseguiremos nessa campanha eleitoral que todos os partidos defendam essa contagem, porque, para além do PSD, também o Bloco de Esquerda, o PCP e outros partidos, têm vindo a defender a recuperação", explica, confessando, ainda, a crença de que as "mudanças que o PS irá ter" farão com que o novo líder socialista tenha "em consideração essa proposta".
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"Porque nos parece que essa obstinação da não contagem e não recuperação do tempo tem muito que ver com o atual primeiro-ministro", afirma, sublinhando que a Fenprof não "tem de achar o que é melhor ou pior", porque não faz "campanha por ninguém".
A Fenprof, que já não tem qualquer processo negocial em curso com o Governo, insiste na recuperação do tempo de serviço congelado - seis anos, seis meses e 23 dias -, que não conseguiu obter com o Executivo de António Costa.
Mário Nogueira destaca, contudo, que os professores, ao votarem, devem pensar não só neles, mas no bem da escola pública.
"Temos consciência de que, ao nível do PSD e de outros partidos de direita, a posição face à escola pública é uma posição, em muitos casos, claramente de a pôr em pé de igualdade com os colégios privados - aliás, como sabemos do passado, porque já o vivemos. Eu diria que temos uma extrema-direita que, se pudesse, liquidaria a escola pública, temos uma direita que, dentro daquela que é a sua posição do ponto de vista ideológico e programático, quer pôr em pé de igualdade o público e o privado, como se fossem a mesma coisa, e temos tido um PS que, embora no discurso - e todos ouvimos -, seja um discurso favorável à afirmação da escola pública, por ser a escola que responde às necessidades de todas as crianças e jovens, na verdade, depois é uma coisa o que diz e outra coisa é o que tem feito", lamenta.
Ainda em relação à crise política, a Fenprof aponta que vai seguir um de dois caminhos: se o Orçamento do Estado para 2024 continuar em discussão na especialidade, a manifestação prevista para a audição do ministro da Educação, marcada para a próxima segunda-feira, vai manter-se. Se Marcelo Rebelo de Sousa convocar eleições antecipadas, então os professores optarão por ir ter com os partidos.
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"Em relação ao dia 13, que era o dia em que nós vamos ter uma manifestação, em Lisboa, ao mesmo tempo que o ministro vai estar na Assembleia da República a defender o Orçamento do Estado, neste momento, a opinião das várias organizações - das nove que estamos em convergência -, vai no sentido de manter essa manifestação, porque se considera que este é um Orçamento que não reúne condições para poder merecer o nosso apoio, o apoio dos professores", aponta o secretário-geral da Fenprof.
Mário Nogueira sublinha igualmente que o Orçamento do Estado apresentado é um documento que "deixa completamente para trás a educação e os profissionais de educação" e lamenta que este não inclua "uma atualização do financiamento da educação" e acusa os socialistas de apenas manterem "os problemas nos níveis em que eles existem".
"Se o professor Marcelo, o Presidente da República, decidir dissolver já [o Parlamento] e se o Orçamento ficar por aqui, não for aprovado, entrarmos em duodécimos em janeiro e depois haver o Orçamento do Governo que aí vier, e, portanto, eleições em breve, aquilo que nós iremos fazer - ainda hoje conversamos internamente - é ir ter com os partidos", assegura.