"Era caso para dizer entendam-se, porra." João Soares apela a envolvimento de Costa nas negociações da Saúde
No programa Não Alinhados, da TSF, João Soares defende a necessidade de se "passar a um outro nível" no tom negocial e "de, uma vez por todas, resolver isto".
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"Era caso para dizer entendam-se, porra." Foi este o apelo deixado esta segunda-feira por João Soares, que pediu ao primeiro-ministro, António Costa, que se envolva diretamente nas negociações com os sindicatos dos médicos.
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"É mais do que tempo que os sindicatos e o Governo se entendam, porque, ainda por cima, partilham o mesmo ponto de vista: ambos querem que o SNS continue a funcionar e de uma forma capaz", pede o antigo ministro e autarca no seu espaço no programa da TSF Não Alinhados.
Passados dois dias de uma nova ronda negocial, o antigo presidente da Câmara de Lisboa considera que é necessário "passar a um outro nível e, de uma vez por todas, resolver isto".
"Era importante que o senhor primeiro-ministro, que é no fundo quem tudo coordena, se envolvesse diretamente neste processo negocial e chamasse à atenção às estruturas sindicais dos médicos", apela, acrescentando ainda que "isto não significa falta de simpatia ou de estima pelo ministro Manuel Pizarro - que é o ministro da Saúde".
O Ministério da Saúde e os sindicatos médicos retomaram este sábado as negociações na tentativa de chegar a um acordo sobre as questões salariais, após 18 meses de conversações que levaram a greves e protestos dos médicos. Na próxima quarta-feira voltam a sentar-se à mesa.
Manuel Pizarro, afirmou na sexta-feira, à margem de uma iniciativa em Lisboa, que não quer ser "excessivamente otimista", mas deseja que a reunião negocial alcance um "resultado positivo".
"O Governo tem feito um diálogo, que é um diálogo de boa-fé, com uma evolução assinalável das propostas e nós continuamos a trabalhar para uma aproximação de posições", defendeu.
Quanto à reivindicação do aumento salarial de 30%, Manuel Pizarro afirmou que foram apresentadas várias propostas de flexibilidade que "ultrapassam muito esse valor".
"Isso não é apenas o que está em causa. Nós temos vindo a aproximar-nos e ninguém pode esperar que uma negociação signifique intransigência das duas partes. As duas partes têm que se aproximar para que seja possível chegar a um acordo", referiu.
O SIM afirma que mantém "a sua postura de querer chegar a um entendimento que permita pacificar o SNS e a bem dos doentes, mas que não poderá ser a qualquer custo e eternamente à custa dos médicos".
Também a Fnam diz estar disponível para assinar "um acordo que dignifique os médicos e o SNS", com reposição do horário de trabalho de 35 horas, das 12 horas de serviço de urgência e atualização do salário base que reponha o poder de compra para os níveis anteriores à troika para todos os médicos.
Mais de 30 hospitais do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos, na sequência de mais de 2500 médicos terem entregado escusas ao trabalho extraordinário, além das 150 horas anuais obrigatórias.
Esta crise já levou o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que este mês poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.