Governo quer criar mecanismo para reduzir prestações do crédito à habitação durante dois anos
Findo o prazo, a redução seria compensada nas prestações seguintes até ao fim do empréstimo. Na prática, as famílias acabariam por pagar o mesmo, mas o valor da dívida e o atual esforço criado pela subida das taxas de juro seria distribuído de forma mais estável no tempo.
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O Governo vai criar um mecanismo que permite reduzir e estabilizar, durante dois anos, as prestações do crédito à habitação. A informação é avançada pelo Expresso, que cita fontes governamentais.
De acordo com o semanário, os cidadãos pagariam 75% da atual taxa Euribor, ou seja, em vez de pagarem uma prestação sobre a totalidade do indexante - que agora situa-se nos 4,040% a seis meses e nos 4,159% a 12 meses -, pagariam apenas sobre três quartos. Seriam cerca de 3% em vez de 4%.
Na prática, este mecanismo permitiria reduzir em cerca de 60 euros a prestação mensal por cada cem mil euros de empréstimos a 30 anos. Segundo as contas feitas pelo Expresso, num crédito de 300 mil euros, a prestação diminuiria quase 180 euros: de 1520 euros para 1347 euros. Num contrato de 200 mil euros passaria de 1013 euros para 898 euros. Já os clientes com prazos de empréstimos mais curtos, de 20 ou 10 anos, por exemplo, teriam descidas ligeiramente inferiores em valor absoluto: 52 euros e 48 euros por cada 100 mil euros, respetivamente.
Com este mecanismo, as famílias com empréstimos passariam a poder optar pela solução que reduz de imediato a taxa de juro associada ao crédito durante dois anos. Após este período, de forma gradual, a redução seria compensada nas prestações seguintes até ao fim do empréstimo.
A expectativa é que, daqui a dois anos, as taxas Euribor já tenham descido e seja possível acomodar sem sobressaltos a compensação.
Na verdade, as famílias acabariam por pagar o mesmo - e os bancos por receber o mesmo -, mas o valor da dívida e o atual esforço criado pela subida das taxas de juro seria distribuído de forma mais estável no tempo.
O Expresso conta ainda que a ideia está a ser trabalhada pelo Ministério das Finanças em conjunto com o Banco de Portugal. Os detalhes do mecanismo estão a ser ultimados e só serão fechados nos próximos dias para serem aprovados no Conselho de Ministros da próxima semana.