"Há um certo desalento." Associação de Vítimas de Pedrógão Grande quer ouvir Marcelo e Costa sobre "gestão florestal"
A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande espera que este dia marque um virar de página.
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A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, Dina Duarte, revelou no Fórum TSF que gostava de ouvir o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa.
"Gostava de saber que vai haver uma gestão florestal diferente aqui no território, que se calhar poderá haver mais biodiversidade, que possivelmente os nossos proprietários poderão ter esperança em que pode haver aqui uma janela de oportunidades para outro tipo de árvores, mas enquanto dependermos fundamentalmente do eucalipto e como as mentalidades não se mudam por decreto, temos efetivamente de aprender a lidar com o que temos, temos de aprender a lidar com as boas práticas. Isso obviamente que também passa por gerir a nossa floresta que está tão abandonada porque somos cada vez menos a viver no interior. Isso obviamente que se repercute em várias situações e a floresta é efetivamente um exemplo disso", confessou Dina Duarte.
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A responsável espera que este dia marque um virar de página. Seis anos depois, o sentimento é de desânimo.
"Há um certo desalento, uma perda de esperança. Por isso é que tenho muita fé que hoje, 27 de junho, seja o virar de página neste território e no interior, no sentido de que possamos ter uma visão de uma estratégia para este espaço territorial, que se repercuta depois em outros interiores, mas que se encare esta realidade como uma realidade em que pouco se fez para se alterar. Que seja agora essa oportunidade. É essa a esperança e esse verde diferente que queremos por cá e que venham realmente os projetos que façam com que os nossos jovens fixem a sua residência e não tenham que sair só porque não têm trabalho", desabafou no Fórum TSF a presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande.
Os incêndios que deflagraram a 17 de junho de 2017 - passaram seis anos no sábado - em Pedrógão Grande e que alastraram a concelhos vizinhos provocaram a morte de 66 pessoas, além de ferimentos noutras 253, sete das quais graves. Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
A maioria das vítimas mortais foi encontrada na Estrada Nacional 236-1, que liga Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, junto à qual foi erguido o memorial.
Em outubro do mesmo ano, outros incêndios na região Centro provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos, registando-se ainda a destruição, total ou parcial, de cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.