Uma tragédia que "não vai repetir-se". Como a vida segue em Vila Facaia, seis anos após os incêndios
O Governo visita, esta terça-feira, em Pedrógão Grande, o memorial em honra das vítimas dos incêndios de 2017. Em Vila Facaia, freguesia do concelho de Pedrógão, não se esquecem os fogos de há seis anos, mas vive-se agora com mais tranquilidade e confiança.
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É junto à Igreja de Vila Facaia, à porta do minimercado de Laurinda, que ela e Agostinho, dois habitantes da terra, se sentam à conversa.
Laurinda que sabe que há um novo monumento em memória das vítimas dos incêndios, mas vê-lo, ainda só viu "pela televisão". "É porque tenho aqui o negócio e não posso deixar o meu marido sozinho, que, se vier alguém à mercearia, ele não avia!", justifica.
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Apesar de não ter lá ido ainda, Laurinda acha muito bem que o Governo venha agora fazer uma cerimónia no memorial - mesmo que já tenha passado duas semanas desde a inauguração da obra, que não contou com qualquer figura do Estado, o que gerou críticas e levantou acusações de que a tragédia de 2017 estaria a ser esquecida.
"Não é tarde! Foi há 'poucochinho' tempo, também. Eu acho que o Governo não se vai esquecer disto. Eles falam muita vez em Pedrógão Grande", defende Laurinda.
"O incêndio é que já foi há muito tempo, mas a gente nunca esquece. A gente fala todos os dias", sublinha. "Eu só tive tempo de ir tirar as minhas cabrinhas, que tinha lá em baixo na horta, que ardia lá tudo. Trouxe-as para aqui, para dentro da loja. Estava a ver que ficava lá eu e elas", recorda.
"Era só chamas, por cima da minha casa. Caíam aqui grandes paus a arder. Era só carros, e pessoas tudo a gritar. Foi horroroso", descreve Laurinda, que, apesar do medo, acredita que tal tragédia não torna a repetir-se. "Têm isto já preparado, se houver alguma coisa, para acudir mais rápido. Na altura, a gente não esperava."
Laurinda admite que a vila não foi mais a mesma, mas, apesar de tudo, está a reerguer-se. Em memória daqueles que foram, mas também pela força daqueles que ficam.