Hospital dos Bonequinhos, uma iniciativa onde se trata o "medo e receio de falar com médicos"

Inês Cortez/TSF
Os bonecos estão de volta ao Hospital de Braga para ensinar às crianças, entre os três e os seis anos, que não há que ter medo de quem veste uma bata branca. Os mais novos aprendem um pouco sobre várias áreas, como radiologia, cirurgia e nutrição. O objetivo é reduzir o medo e a ansiedade de ir ao médico
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Quem entra na entrada principal do Hospital de Braga vê uma tenda branca que funciona como uma espécie de mundo encantado dos cuidados hospitalares. Lá, as crianças tornam-se as cuidadoras e os bonecos que trazem na mão são os doentes.
Antes de entrar, todos têm de passar pela mesa da triagem, como se estivessem numa urgência de verdade. Seguem-se depois várias mesas pelas quais todos podem passar.

Uma delas simula uma consulta, com vacinas, termómetros e estetoscópios de brincar. Num outro posto, as crianças podem fazer um raio X ao seu peluche. Segue-se a mesa de enfermagem e análises clínicas, onde os mais novos olham para amostras de sangue através de um microscópio ou dão injeções aos bonecos. Do outro lado dessa mesa, há um posto onde se mergulha na nutrição e no poder dos alimentos. Há também uma mesa onde um urso de peluche, deitado, espera para ser operado; um posto dedicado à psicologia, onde se explora as emoções; a mesa da saúde oral com uma grande boca de brincar, cheia de dentes e, por último, o posto da visão, onde, entre os jogos, está a possibilidade de verem dinossauros ou o homem-aranha com óculos 3D.
Gustavo, de três anos, está vestido a rigor com uma bata verde e uma touca, porque está com "medo do médico", explica. Já Tiago, de quatro anos, dá uma vacina ao Mickey Mouse na mesa de análises clínicas e de enfermagem. Antes disso, conta que fez um raio X ao peluche.
Os mais novos são acompanhados por estudantes de Medicina, Medicina Dentária (da Universidade do Porto), Psicologia, Enfermagem, Educação Básica e Optometria e Ciências da Visão.
Diana Oliveira, estudante do 5.º ano de Medicina, já participou noutras edições, mas o entusiasmo permanece. "É incrível ter o contacto com as crianças, elas são demais. É mesmo muito engraçado e é muito bom para a nossa experiência, para o nosso currículo, porque não temos assim tantas oportunidades ao longo do curso de conviver com elas de perto", partilha.

A futura médica considera que, aqui, "a parte do medo e do receio de falar com o médico, ou o medo de explicar o que é que têm" é trabalhada. "Com este treino de ser o bonequinho, [ou seja] o bonequinho é que está doente, [de perguntarmos] o que é que o bonequinho tem, eu sinto mesmo que faz diferença para eles explicarem o que é que estão a sentir, saber explorar a dor e, no fundo, não ter medo de a tratar", afirma.
A diretora do Hospital dos Bonequinhos 2025, Mariana Reis, diz que os bracarenses já estão habituados a esta iniciativa. "No outro dia estava no Pingo Doce e falei do Hospital dos Bonequinhos e vieram-me perguntar 'quando é que vai ser?' As pessoas de Braga já procuram e já se interessam em vir porque sabem que efetivamente esta é uma grande oportunidade para os filhos, para eles descobrirem sobre a sua saúde, para brincarem um bocado e também aprenderem", sustenta.
O Hospital dos Bonequinhos está aberto às escolas até sexta-feira e às famílias no sábado, dia 8 de novembro, para que os pais possam participar com os filhos nesta experiência de aprendizagem e brincadeira pelo mundo do hospital. Já o medo, esse, fica à porta.
