Hubs de carregamento em expansão mas sem reforço previsto para a Jornada Mundial da Juventude
A garantia é dada por Luís Barroso, presidente da Mobi.E, a empresa pública gestora da Rede de Mobilidade Elétrica, com a responsabilidade da gestão e monitorização da rede de postos de carregamento elétricos, designadamente em termos de fluxos energéticos, de informação e financeiros.
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Não há nenhum reforço de rede ou potência previsto para a rede de carregadores de veículos elétricos durante a Jornada Mundial da Juventude, garante o presidente da Mobi.E.
Luís Barroso adianta que a informação que dispõe aponta para um evento dirigido a um segmento da população que é jovem e que não tem por hábito andar de carro. Recorda ainda que "o grande boom de pessoas que vão entrar em Lisboa são cidadãos que vêm do estrangeiro e que normalmente não se deslocam em veículos particulares. Aliás, a informação que temos é que será tudo muito à custa de autocarros e, portanto, não é uma situação que nos esteja a preocupar significativamente e nem nenhuma das entidades que está a organizar o evento sinalizou junto da Mobi.E qualquer problema relativamente à infraestrutura de carregamento."
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Os dados da plataforma eletrónica da empresa, que fornece informações em tempo real sobre a utilização da rede, indicam que, em alturas de pico, a rede está ocupada em média 27%.
Na altura em que Luís Barroso falava com a TSF, o site indicava, em tempo real e em termos de pontos de carregamento em uso, apenas 13% de utilização da capacidade da rede, que em termos gerais tem 6100 pontos de carregamento e estavam em uso apenas 824 carregadores. Por isso, este responsável conclui que "quando se fala que não há infraestrutura suficiente, penso que não corresponde à realidade, mas isto não significa, obviamente, que não haja localizações onde a procura pontual possa ser maior e que aí, de facto, a resposta não seja a ideal, mas também não vamos poder ter um excesso de oferta para procuras pontuais. Isso não acontece em nenhuma atividade que seja equilibrada, do ponto de vista económico, em nenhuma parte do mundo."
Quanto às queixas de utilizadores sobre a falta de pontos de carregamento suficientes em vias rápidas para todos os carros elétricos em circulação que precisam de fazer recarregamentos em simultâneo, quando estão em viagem, o presidente da Mobi.E reconhece que, sobretudo na A1 (autoestrada do Norte), começa a haver alguma pressão, em alguns pontos, mas o concessionário já está a tomar medidas junto dos seus parceiros com vista a permitir um reforço da rede nesses pontos.
No balanço dos últimos três anos de utilização de carregadores públicos de veículos elétricos em Portugal, o gestor fala ainda de uma rede que cresceu quase três vezes e meia em número de postos de carregamento, que são agora 3500 e, desses, 36% são rápidos, ou ultra-rápidos e até 2024 a ideia é chegar aos 10 mil pontos de carregamento.
A infraestrutura de acesso público continua em fase de alargamento, com a criação de 12 hubs, sete já inaugurados, incluindo o mais recente em Évora, e um projeto-piloto prometido para breve intitulado "Rua Eletrificada", em fase de seleção das 10 cidades em que vai ser testado o projeto, para o qual, o governo disponibilizou 1,5 milhões de euros.
No ano passado, foram integrados na rede 1581 postos de carregamento, dos quais 1032 são de acesso público, tendo sido integrados na rede mais 2398 pontos de carregamento e, só no último mês de março, foram registados 289 mil carregamentos, ou seja, um número recorde no total de 7251 pontos de carregamento (entre públicos e privados) espalhados por todo o país.
De acordo com os dados da Mobi.E, existem atualmente 53 tomadas, em média, por cada 100 quilómetros de rodovia. Por cada 100 mil habitantes, estão disponibilizadas em média 72 tomadas e, entre os comercializadores, a Galp é quem lidera, com o maior número de postos de carregamento para veículos elétricos, com 813 postos de carregamento, enquanto a EDP Comercial acumula 592, a KLC acompanha com 574 postos e a PowerDot regista 454 carregadores.
O crescimento dos postos de carregamento acompanha a evolução da procura por carros elétricos e Luís Barroso lembra que este ano um em cada quatro veículos vendidos são eletrificados, conta um em cinco em 2022 e espera que em 2024 um em cada três seja elétrico.
O presidente desta empresa acredita que nos próximos meses entrará em vigor o novo regulamento europeu "Alternative Fuel Infrastructure Regulation" que estabelece metas aos estados-membros quanto a potência de eletricidade nos postos de carregamento, mas adianta que a rede elétrica nacional está preparada para dar resposta aos níveis de consumo, uma vez que pelos níveis atuais de utilização, será capaz de absorver o crescimento expectável de veículos 100% elétricos e plug-in.
Para o gestor, este modelo de carregadores de veículos elétricos adotado por Portugal já está a ser procurado por responsáveis de outros países. Luís Barroso garante que o Estado tem mantido conversações com Espanha, Colômbia, Inglaterra Brasil e Bélgica.
De acordo com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o objetivo é disponibilizar 15.000 pontos de carregamento no final de 2025, numa rede já presente nos 308 municípios do país, com maior incidência de infraestrutura no litoral do país e Luís Barroso afirma mesmo que "temos um padrão invejável a nível europeu e mundial."
O presidente da Mobi.E adianta ainda que tem sido feito um esforço para levar postos de carregamento de maior potencia a cidades do interior do país, esperando aumentar de quatro para 12 o número de cidades do interior raiano que passem a contar com esse tipo de carregadores até final do semestre.