Lacerda Machado "deu sinal ao MP" de lapso com nomes. Advogado acredita em erro "involuntário"
Magalhães e Silva defende que "os lapsos, quando são involuntários, não têm gravidade nenhuma sob ponto de vista subjetivo".
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O advogado Magalhães e Silva disse este domingo que o Ministério Público reconheceu o lapso na transcrição de uma escuta a Diogo Lacerda Machado, onde é referido o ministro da Economia, António Costa Silva, mas transcrito apenas António Costa, o primeiro-ministro.
Em causa está a escuta a uma chamada telefónica entre o ex-administrador da Start Campus Afonso Salema e Diogo Lacerda Machado, consultor da empresa, em que o primeiro pede ao segundo que aborde o Governo para que interceda numa alteração em matéria de códigos de atividade económica para os centros de dados.
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"Foi o dr. Lacerda Machado que deu sinal ao Ministério Público (MP) que havia efetivamente esse lapso e o MP reconheceu", disse o advogado aos jornalistas à entrada para o tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa.
Segundo Magalhães e Silva, esta era a única escuta na indiciação em que Lacerda Machado fazia referência direta ao primeiro-ministro, António Costa.
Questionado pelos jornalistas sob a gravidade do erro, Magalhães e Silva defende que "os lapsos, quando são involuntários, não têm gravidade nenhuma sob ponto de vista subjetivo".
"Tem apenas gravidade sob ponto de vista objetivo. Se foi intencional ou não, eu não faço essa injúria ao MP", aponta.
O primeiro-ministro demitiu-se, na terça-feira, depois de saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e centro de dados de Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.
A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.
No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.