Lobo Xavier defende Marcelo e acredita em "ajuste de contas" no caso das gémeas

O antigo dirigente do CDS António Lobo Xavier
Artur Machado / Global Imagens
No programa O Princípio da Incerteza, António Lobo Xavier defendeu que o caso tem contornos de um "ajuste de contas". Já Pacheco Pereira condena a atitude de Marcelo no processo e Alexandra Leitão lembra que há ainda muito por esclarecer.
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O antigo dirigente do CDS António Lobo Xavier acredita que todo o caso que envolve um pedido do filho do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para duas crianças luso-brasileiras beneficiarem de um tratamento no Serviço Nacional de Saúde tem contornos de um ajuste de contas e chama ao caso a atitude do Presidente da Assembleia da República em relação à operação Influencer, que levou à queda do Governo.
"Nós nunca saberemos quem são as fontes e peço desculpa, mas em muitos aspetos isto parece-me um ajuste de contas e algumas reações de protagonistas políticos empurram-me para esse caminho do ajuste de contas. Veja bem, no caso de António Costa, o Presidente da Assembleia da República o que disse foi: "António Costa é inocente, o Ministério Público assassina carateres e eu digo à Justiça que tem de ser o mais rápida possível para repor a verdade". Sobre o tema do Presidente da República disse apenas que se preocupa com o respeito pelas instituições e, em geral, as declarações de certos setores políticos são declarações que não correspondem às vezes ao passado nem correspondem ao conhecimento do Presidente da República que temos. Exceção feita para Francisco Louçã e Pedro Nuno Santos, justiça lhe seja feita, que disse uma coisa que me parece elementar, que é: "não tenho razões para duvidar do Presidente da República"", defende no programa O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN, António Lobo Xavier.
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No mesmo programa, Lobo Xavier admitiu que existem cunhas, mas que, neste caso, não acredita que tenha sido o Presidente a pôr a cunha.
"Admito que existam mecanismos de influência à revelia do Presidente, mas não estou convencido que tenha havido desigualdade de tratamento. Só quando conhecermos a cadeia de comando e quem influenciou quem. Tenho a minha convicção de que não foi Presidente, mas que houve provavelmente influências abusivas em seu nome", acredita o antigo dirigente do CDS.
Já Pacheco Pereira, não reconhecendo a cunha presidencial, condena a atitude do Presidente da República desde o início do processo.
"Ora 'não me lembro' não é consistente porque da mesma maneira que Pedro Nuno Santos descobriu um e-mail, uma mensagem de WhatsApp ou lá o que é depois de um caso que já estava a ser falado há vários dias na comunicação social e as suas primeiras declarações assentam no 'não me lembro', as do Presidente da República assentam no 'não me lembro'. Manda aquilo para o Governo anonimamente. O documento pode ser anónimo, mas é impossível considerar que o Governo o viu como um documento anónimo como qualquer outro. Porquê? Porque o Governo sabia certamente que aquilo vinha da Presidência da República. Os mecanismos de influência só podem ter funcionado à revelia da vontade do Presidente, mas os mecanismos de influência existem", afirma Pacheco Pereira.
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A deputada e antiga ministra socialista Alexandra Leitão, por sua vez, diz que há ainda muito por esclarecer, concretamente em relação aos contactos de António Lacerda Sales com Nuno Rebelo de Sousa sobre este caso.
"Nós ainda não percebemos o que é que aconteceu ao processo depois de dar entrada do Ministério da Saúde. Essa é a parte que, quanto a mim, está bastante por esclarecer. Tiveram conhecimento de que o pedido vinha do filho do Presidente da República e, tendo conhecimento disso, trataram-no de forma diferente? Então aí é muito simples. Se trataram de forma diferente, está errado. Se não trataram de forma diferente, não sei. Isso aí o próprio secretário de Estado Lacerda Sales não confirmou e eu aguardo para ver mais alguma coisa, naturalmente. Agora se trataram de forma diferente, é evidente que está errado", acrescentou Alexandra Leitão.
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