Maioria dos jovens trabalha, admite emigrar e considera que o que ganha "dá para viver"
Instabilidade financeira e habitação estão no topo das preocupações dos jovens inquiridos pela sondagem Aximage para TSF, DN e JN. Solteiros e sem filhos, jovens são maioritariamente favoráveis ao Rendimento Básico Universal e menos de metade concordam que Portugal lhes proporcionou melhores condições de vida do que aos pais.
Corpo do artigo
O retrato em formato de gráficos é claro: uma maioria de jovens que trabalha, sobretudo no setor privado, com um salário que "dá para viver" num país de que gostam, ainda que não excluam a emigração. São maioritariamente solteiros, sem filhos - mas com desejos de os ter - e com uma relação estável e duradoura no projeto pessoal de vida.
Mas vamos esmiuçar os números desta sondagem Aximage para a TSF, DN e JN feita entre jovens de 18 a 34 anos. Com uma maioria trabalhadora e/ou estudante, são apenas 9% aqueles que assumem estar desempregados. Ao nível da atividade profissional, a barra do gráfico é maior nos técnicos e profissões de nível intermédio (29%), seguida pelo pessoal dos serviços (19%). Como trabalhadores não qualificados surgem 17%, quase a mesma percentagem de quadros superiores que se fixa nos 18%. Nota ainda para o facto de o regime de trabalho maioritário é o do trabalho por conta de outrem no setor privado (47%), seguindo-se o setor público e, no fim, por conta própria.
Relativamente à situação profissional, 45% revelam que estão satisfeitos com o trabalho que têm e gostariam de o manter. Mas olhando para o total dos inquiridos, um quarto consideram que é difícil ou muito difícil viver com o rendimento atual que têm, quase metade consideram que "dá para viver" com a sua situação económica no momento.
De resto, a instabilidade financeira surge no topo das preocupações de quase um terço destes jovens, seguindo-se a habitação (28%) e a precariedade laboral (16%). Ainda nos maiores problemas que os jovens enfrentam a saúde (5%), as alterações climáticas (4%) e a segurança (3%) surgem no fim da tabela.
Ainda no capítulo económico, mais de metade dos jovens inquiridos nunca ouviram falar no rendimento básico universal, mas depois de saberem que se trata de uma "atribuição de um apoio estatal capaz de assegurar uma vida digna a todos os cidadãos, independentemente da sua situação financeira, familiar ou profissional", a resposta surge sem dúvidas: 70% estão de acordo a que seja aplicado em Portugal.
Um bom país para viver, mas...
Mais de metade dos inquiridos não tem dúvidas em concordar com a afirmação de que "Portugal é um bom país para viver", apenas 17% discordam. No entanto, independentemente da situação atual, também mais de metade (54%) dos jovens inquiridos colocam a possibilidade de vir a trabalhar fora do país, apenas 27% excluem essa possibilidade.
No que diz respeito a destinos de preferência daqueles que têm essa hipótese em cima da mesa, os países europeus surgem claramente em destaque, apenas 7% equacionam Estados Unidos da América, 6% realçam outro país fora da Europa e 9% não apresentam qualquer preferência.
Um outro dado relevante mostrado por este estudo é o de que 59% dos jovens inquiridos revelam viver em casa própria face aos 37% que vivem numa casa arrendada, a maioria vive com os pais ou familiares.
Olhando para o futuro, nomeadamente a aposentadoria, há uma larga maioria que considera importante ou muito importante descontar para a segurança social de modo a terem acesso à reforma. São 11% aqueles que consideram as contribuições como pouco importantes ou mesmo nada importantes.
Já olhando para a ascendência, não é óbvio para a maioria dos jovens que Portugal lhes tenha proporcionado melhores condições de vida do que aquelas que proporcionou aos pais: são 43% os inquiridos a concordar face aos 26% que não concordam, nem discordam e os 29% que declaram discordar.
Ficha Técnica
A sondagem foi realizada pela Aximage para a TSF, DN e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos jovens em Portugal abordando temas da atualidade nacional política, económica e social.
O trabalho de campo decorreu entre os dias 11 e 14 de julho de 2023. Foram recolhidas 803 entrevistas de residentes em Portugal entre os 18 e os 34 anos. Foi feita uma amostragem por quotas, com sexo e região, a partir do universo conhecido, reequilibrada por sexo e região.
À amostra de 803 entrevistas corresponde um grau de confiança de 95% com uma margem de erro de 3,5%. A responsabilidade do estudo é da Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.