Pedro Santana Lopes compreende que o primeiro-ministro tenha saído em defesa do Presidente, mas considera que as declarações de Marcelo foram para lá de infelizes.
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Pedro Santana Lopes considera que Marcelo Rebelo de Sousa deve fazer uma reflexão. Para o ex-primeiro-ministro, atual autarca da Figueira da Foz e comentador da TSF no programa Não Alinhados, o Presidente da República fala demais e isso, além de prejudicar o funcionamento das instituições, acaba por dar asneira.
"Gostava de sublinhar aqui a questão, presente nos últimos tempos, da cadência de declarações do Presidente da República. Deve fazer uma reflexão, com ele próprio. Fala muito demais. Houve um período durante o qual se achou graça, eu nunca achei, confesso. O que é que os anteriores Presidentes, nomeadamente os que estão vivos, Cavaco Silva e Ramalho Eanes, pensarão quando veem um Presidente da República a falar tanta vez, em todo o lado, a propósito de tudo. Todos nós sentíamos, pelo menos, que não era costume, mas neste momento considero que, além de não ser costume, prejudica o funcionamento das instituições, do sistema político e da democracia em Portugal. Mais tarde ou mais cedo dava asneira", defendeu à TSF Pedro Santana Lopes.
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O presidente da Câmara da Figueira da Foz compreende que o primeiro-ministro tenha saído em defesa do Presidente, mas considera que as declarações de Marcelo foram para lá de infelizes.
Na terça-feira, questionado sobre o balanço de 424 testemunhos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da República afirmou não estar surpreendido, lembrando que "não há limite de tempo para estas queixas" que têm estado a ser recolhidas, algumas relativas "há 60 ou há 70 ou há 80 anos".
Face às críticas que estas declarações suscitaram, o chefe de Estado divulgou uma nota na qual afirma que "este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo mundo", admitindo que "terá havido também números muito superiores em Portugal".
Depois, o Presidente da República falou para a RTP a reforçar a mesma mensagem, reiterando que 424 queixas lhe parece um número "curto", declarando que aceita democraticamente as críticas que recebeu, mas não as compreende.
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