Moedas rejeita acusações do PCP e diz que abandonou reunião por razões pessoais
Social-democrata nega ter saído da reunião camarária para fugir à questão do aeroporto.
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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa justifica que abandonou a reunião de quarta-feira, antes de discutir a proposta comunista sobre o aeroporto, com razões pessoais, rejeitando assim as acusações do PCP de estar a tentar fugir a um tema "incómodo". "Não há aqui nenhum problema. Ao fim de sete horas, tive de sair da reunião naquela altura [devido] a um ponto pessoal, de família. Não tem nada a ver com aquilo que é discutir o novo aeroporto", disse Carlos Moedas, em resposta aos jornalistas, numa ação que contou com a presença do presidente do PSD, em Lisboa.
O autarca sublinhou que o novo aeroporto "é muito importante", mas reafirmou que a decisão sobre a solução cabe ao Governo. "Estaremos aqui para acompanhar", atirou Moedas, afirmando que "vai esperar" que o Executivo liderado por António Costa diga "ao autarca de Lisboa o que é que vai fazer".
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Questionado sobre se está também à espera da posição do PSD para se pronunciar sobre o tema, Carlos Moedas afirmou que "conhece muito bem" o posicionamento do partido, sugerindo que fosse Luís Montenegro a tomar a palavra. Ao lado do autarca, o presidente do PSD tentou contornar o assunto, preferindo destacar a gratuitidade dos transportes em Lisboa para a população acima dos 65 anos.
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Perante as questões dos jornalistas sobre o aeroporto, Luís Montenegro não levantou o véu, afirmando apenas que, como é público, estão a ser feitas audições no PSD para "compor" aquela que será a posição do partido no diálogo com o Governo, aproveitando também a ocasião para lançar farpas ao ministro Pedro Nuno Santos.
"Aproveito para dizer que o nosso interlocutor no Governo é António Costa, não é o ministro das Infraestruturas. Sei que tem andado um bocadinho desnorteado. Diria mesmo que não acerta uma. Ainda ontem disse coisas que são muito pouco rigorosas", criticou. "Quero aqui clarificar uma em particular: Não há uma lei que tenha ultrapassado o chamado poder de veto dos municípios porque o PS não se entendeu com os seus parceiros de coligação da altura, o PCP e o Bloco de Esquerda". Por isso, "querer endossar essa responsabilidade ao PSD é manifestamente deturpar a verdade dos factos", assinalou Montenegro.
Na terça-feira, o presidente do PSD desafiou o Governo a avançar já com obras no atual aeroporto de Lisboa e no dia seguinte Pedro Nuno Santos respondeu que precisava de "perceber melhor que obras no aeroporto de Lisboa é que o presidente do PSD está a falar".
Questionado sobre se queria concretizar a sua proposta sobre estas obras, Montenegro não detalhou e voltou a criticar o ministro das Infraestruturas.
"Como disse, tenho um diálogo aberto com o senhor primeiro-ministro sobre esse tema, ele é o nosso interlocutor, eu não sei sequer se o ministro está sintonizado com o primeiro-ministro, António Costa. Não era a primeira vez que aparecia em público precisamente 'dessintonizado' e, portanto, não vou estar a responder ao ministro das Infraestruturas. O ministro terá muito com que se preocupar, não deve preocupar-se com o PSD", respondeu
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O vereador comunista acusou Carlos Moedas de tentar "fugir" à discussão "incómoda" do novo aeroporto e, em declarações à TSF, desafiou o autarca a marcar uma reunião extraordinária para debater a proposta do PCP. Para João Ferreira, a decisão está nas mãos do presidente da maior autarquia do país: ou marca uma reunião, para a qual todos os partidos manifestaram disponibilidade, ou foge do assunto até setembro.
O vereador defende ainda que se Lisboa quer ter uma palavra a dizer sobre a futura estrutura aeroportuária, o momento de o fazer é agora, altura em que o Governo e o principal partido da oposição, o PSD, debatem o tema. Se não o fizer agora, a capital pode perder a "oportunidade" de influenciar a decisão final.
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