Montenegro deseja que Costa "não esteja a criar propositadamente conflito" com Marcelo
Para o líder do PSD, esse conflito serviria para o primeiro-ministro "retirar dividendos políticos".
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O líder do PSD, Luís Montenegro, garante que o seu desejo é que António Costa não esteja a criar um conflito institucional com Marcelo Rebelo de Sousa de forma a tirar vantagem política da situação.
"Acho que, relacionando as coisas, o primeiro-ministro está a responder, abrindo uma linha de conflito institucional com o Presidente da República, a uma posição que é natural no exercício de competências do Presidente da República. Isso, para mim, só pode significar um amuo do senhor primeiro-ministro, relativamente àquilo que é o cumprimento das competências do Presidente da República. Isso não é bom para o país (...) Eu desejo que o Governo da República e o seu primeiro-ministro não estejam a criar propositadamente uma zona de conflito com o Presidente da República para retirar dividendos políticos", disse Luís Montenegro aos jornalistas em Portalegre.
Comentando diretamente as declarações de António Costa na tarde desta quarta-feira, o presidente do PSD considera-as "quase anedóticas".
"Só falta dizer que as fugas de informação foram minhas. Eu não estive na reunião do Conselho de Estado. Nem nesta, nem nas anteriores. Aquilo que eu sei é o que é tornado público e não é desmentido. E, tanto quanto sei, houve um Conselho de Estado convocado em julho para discutir a situação política, económica e social do país, na qual foram suscitadas várias questões que carecem de uma explicação do primeiro-ministro. De tal maneira que foi por ausência do primeiro-ministro, para ir apanhar um avião para ir para a Nova Zelândia ver um jogo de futebol, que o senhor Presidente da República decidiu prolongar para uma segunda sessão a reunião do Conselho de Estado. Também foi público que o primeiro-ministro, instado precisamente para poder dar essas explicações, se manteve em silêncio. Acho que isso é factual. Não sou eu a fonte dessa informação", justifica.
Por isso mesmo, Luís Montenegro questiona: "Se o comportamento do primeiro-ministro naquele órgão de consulta do Presidente da República já era igual no passado, ele que o diga. É normal o primeiro-ministro ficar calado no Conselho de Estado?"
Questionado ainda sobre a moção de censura apresentada pelo Chega, o presidente do PSD disse apenas que é um "déjà vu".