A Iniciativa Liberal desafiou também Marcelo Rebelo de Sousa a antecipar a data das eleições para fevereiro.
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O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, pediu esta segunda-feira a demissão de Mário Centeno do cargo de governador do Banco de Portugal depois de o ex-ministro ter vindo esclarecer que não foi convidado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para chefiar o Governo, apesar da entrevista ao Financial Times o indicar.
"Os portugueses não merecem assistir à degradação das instituições praticamente hora a hora, momento a momento, com episódios que se acrescentam sobre episódios que seriam, já por si, lamentáveis. Nas últimas horas há o episódio de declarações irresponsáveis do governador do Banco de Portugal, ainda por cima num órgão de comunicação social como o Finantial Times que tem impacto por toda a Europa. Demonstra que Mário Centeno não tem condições para continuar no Banco de Portugal. Tenta arrastar o Presidente da República para uma versão dos factos que depois veio a público desmentir e porque o simples facto de admitir a possibilidade de integrar um Governo nesta situação põe em causa a sua independência nas funções de governador do Banco de Portugal", justificou Rui Rocha.
Além do pedido de demissão, a IL desafiou Marcelo a antecipar a data das eleições para fevereiro.
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"A IL sempre disse nos últimos dias que o calendário para as eleições é demasiado longo e está a ser confirmado dia a dia, hora a hora, por todos estes factos. Esta situação é um verdadeiro lamaçal de degradação das instituições à vista dos portugueses. Não podemos permitir que isto continue e já percebemos que o primeiro-ministro não tem condições para terminar o mandato com dignidade. Peço ao Presidente da República que comece a resolver esta situação", acrescentou o líder da IL.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas a 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
O Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação, que contém várias outras referências a António Costa.
No dia da demissão, Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável". De acordo com o MP, no processo dos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.