Entre a satisfação e apreensão, os moradores do bairro Padre Cruz foram surpreendidos pela notícia da instalação em breve, ali mesmo ao lado, da feira popular de Lisboa. Há quem antecipe vantagens para a zona, há quem lamente o fim das hortas ali instaladas há vários anos.
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Carlos Pereira, reformado, delimita com o dedo apontado em direção ao horizonte o terreno onde ficará instalada a futura feira popular.
São quase 20 hectares pintados pelo verde da erva que caracteriza o espaço que Carlos conhece como poucos. Aqui nasceu, aqui montou uma pequena horta, já lá vão mais de 50 anos. Não é o único, muitos moradores seguiram o exemplo. "Isto está tudo cheio de condomínios", ironiza Carlos.
Será o aspeto mais negativo, na opinião deste morador, da vinda da feira popular para Carnide. Explica que "há pessoas que têm aqui as suas barraquitas, para arrumar as ferramentas, mas enfim...", conclui com um encolher de ombros. Está no entanto conformado. No final de contas, "será bom".
É também essa a expectativa de José Xavier. "Há sempre mais movimento, certamente que vai criar mais postos de trabalho", antecipa este morador no bairro desde 1994. A escolha é a mais acertada já que o local "está bastante perto ali do metro, está perto aqui da segunda circular".
Esperar parar ver. Gisela Pereira, tem uma florista no mercado do bairro Padre Cruz. Quer saber "que garantias de segurança e para o comércio local são dadas pelas autoridades municipais". Não teme tanto pelo seu negócio mas muito mais "pelos meus colegas que têm pequenos cafés ou mercearias, esses sim, os meus colegas vão ser afectados em grande escala".
Gisela é também moradora no bairro. Por isso, sublinha "que se houver muito ruído, isso será um inconveniente". Espera Gisela que a Câmara Municipal não faça ouvidos moucos e diligencie o cumprimento das normas legais em vigor.