Oficiais lamentam "trapalhada total" na Defesa após saída de secretário de Estado
António Mota alerta que é precisa uma mudança nas políticas da área, sob pena de que as Forças Armadas possam perder ainda mais efetivos.
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Os oficiais das Forças Armadas lamentam o que dizem ser uma "trapalhada" na demissão do secretário de Estado Marco Capitão Ferreira, e alertam para a "instabilidade total" com que a Defesa portuguesa se depara.
Esta sexta-feira, Marco Capitão Ferreira foi exonerado, e entretanto constituído arguido e alvo de buscas no âmbito do processo Tempestade Perfeita, que levou a Polícia Judiciária (PJ) a fazer buscas no Ministério da Defesa. É suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio.
Em declarações à TSF, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), António Mota, assinalou que, embora o caso caiba "à Justiça", espera que também o primeiro-ministro, António Costa, possa "resolver ou tentar resolver" a questão.
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"Aquilo que nós lamentamos profundamente no meio disto tudo é que a Defesa nacional, que politicamente tutela as Forças Armadas, continua numa instabilidade total e continua a ser tratada desta forma, destratada completamente: os militares são destratados, as Forças Armadas, a instituição militar é destratada há décadas consecutivas", alerta.
António Mota explica também que, num momento em que "quase semanalmente somos acordados com notícias deste género", é preciso que aconteça uma mudança das políticas de Defesa. De tal forma que, garante, é "absolutamente indiferente, indiferente, completamente indiferente quem venha a seguir" a ocupar o cargo de Secretário de Estado da Defesa "se as políticas se mantiverem".
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O representante dos oficiais nota que, com o passar dos anos, "as Forças Armadas já perderam 30% do efetivo" e que quem ainda nelas trabalha está a fazer, "em vez de 35 ou 40 horas semanais, 70 e 80".
Além disto, porque estes trabalhadores da Defesa "não vão de férias porque há os incêndios, não vão de férias porque houve a Covid", sucedem-se as "situações limite" no setor. "É normal, e à medida que os meses passam, os militares vão saindo das Forças Armadas e não há recrutamento que lhes valha", lamenta.