Ordem dos Advogados quer "entendimentos" para que Operação Marquês "não fique célebre pelas piores razões"

Numa altura em que há o risco de prescrição de alguns crimes de que José Sócrates é acusado, o bastonário da Ordem dos Advogados, João Massano, apela, em declarações à TSF, ao "bom senso" para que a Operação Marquês "não fique célebre pelas piores razões".

"Eu gostaria que houvesse aqui uma espécie de pacto entre todos os que estão envolvidos para que o processo possa de facto seguir os seus trâmites."

João Massano considera ainda "normal" que o novo advogado do antigo primeiro-ministro - que terá pedido cinco meses e meio para analisar os documentos - precise de tempo, até porque este é um caso "muito complexo, com muita informação". E defende que a imagem da Justiça deve ser salvaguardada.

O bastonário da Ordem dos Advogados sublinha que a demora neste processo não resulta apenas dos vários recursos apresentados pela defesa de José Sócrates, recorda que o caso do juiz Ivo Rosa demorou três anos e apela a um entendimento para que o processo avance.

Sem querer revelar a proposta que vai apresentar ao Conselho Superior de Magistratura, João Massano acredita que este é o momento certo para "entendimentos".

"Nós temos mesmo que olhar para a Justiça e não falar só dela quando há eleições ou quando há casos de corrupção (...) Acredito que neste momento poderão estar reunidas as condições para que, de facto, alguma coisa se faça, porque tem mesmo que ser feita. Implica investimento na Justiça e implica que os atores da Justiça, em vez de andarem, muitas vezes, a disparar uns sobre os outros, olhem para tudo isto e consigam encontrar um entendimento que salvaguarde toda a gente."

Nesta tarde de quinta-feira, o bastonário da Ordem dos Advogados está reunido com o secretário de Estado adjunto da Justiça e admite que o processo Marquês é um tema incontornável.