Pizarro na Saúde: partidos criticam escolha do "aparelho" e pedem recuperação do SNS
Tomada de posse do novo ministro da Saúde está marcada para as 18h00 deste sábado, no Palácio de Belém.
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A escolha de Manuel Pizarro para suceder a Marta Temido no Ministério da Saúde gerou críticas dos partidos que vêm a indicação como mais uma escolha do "aparelho" socialista para o Governo. PSD e IL acusam Costa de estar satisfeito com o estado da saúde em Portugal e o Bloco de Esquerda alerta que "nada muda com a mesma política". Do PCP chega o apelo para recuperar um SNS "público, universal, geral e gratuito" e do PAN o pedido de que Pizarro não seja "apenas um ministro no papel".
O médico e deputado do PSD Ricardo Baptista Leite explicou, na TSF, que "mais do que o nome escolhido", o que preocupa os social-democratas é "o facto de o senhor primeiro-ministro António Costa ter dito que, independentemente de quem viesse a ser apontado como primeiro-ministro, não iria mudar o rumo da política para a saúde".
Perante um SNS que vive um "período muito difícil e exige reformas estruturais", Baptista Leite refere que o que se vê da parte do Governo é um "caminho que perpetua os problemas que este mesmo governo trouxe".
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Questionado sobre se o PSD admite dar o benefício da dúvida ao novo ministro, o social-democrata remete a questão para o primeiro-ministro, António Costa, que tem de mostrar se Pizarro "pode ter a capacidade de interferir politicamente" na Saúde.
Apesar de médico, Pizarro "é uma pessoa que vem do aparelho socialista, mais uma pessoa que não fura a máquina do partido, como é a constituição de quase todo o Governo, o que é um outro sinal preocupante", por Costa estar "muito limitado às opções dos militantes".
A Iniciativa Liberal (IL) considera que a escolha de Manuel Pizarro para ministro significa que o primeiro-ministro "está contente" com a situação da saúde e que "cabe sempre mais um fiel do aparelho do PS" no Governo.
Num comentário enviado às redações, a deputada da IL Joana Cordeiro afirmou que a nomeação de Manuel Pizarro "é uma má notícia para todos os portugueses que não têm alternativa ao SNS quando mais precisam de cuidados de saúde".
"A escolha de Manuel Pizarro para ministro da saúde significa que António Costa está contente com o estado da saúde e que não tem qualquer intenção de mudar as políticas que têm conduzido o SNS ao colapso", criticou.
Para a liberal, esta escolha "significa também que, para o Governo, cabe sempre mais um fiel do aparelho do PS e mais um ex-governante de José Sócrates".
Na opinião de Joana Cordeiro, "António Costa será sempre o principal responsável pelo estado calamitoso do SNS" enquanto "não reconhecer os efeitos catastróficos da sua política e não reformar o sistema de saúde como um todo no sentido da concorrência entre prestadores e da liberdade de escolha das pessoas".
Pelo PCP, em declarações à TSF, o deputado João Dias deseja que o novo ministro devolva ao SNS o "caráter público, universal, geral e gratuito", melhorando a "capacidade de resposta" do mesmo. Desvalorizando o nome escolhido, o comunista sublinhou que o serviço de saúde português está "confrontado com muitas dificuldades".
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"Alguém que conhece, porque já teve a experiência governativa no ministério da Saúde, sabe o que pode e o que deve fazer", refere o deputado, garantindo que o PCP "não se desviará um único milímetro do caminho que defende.
No Twitter, a líder do BE, Catarina Martins referiu que foi a "degradação do SNS" que levou à demissão da anterior ministra, Marta Temido e que a escolha do novo ministro "não garante qualquer mudança".
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"Salvar o SNS exige fixação de profissionais, mais investimento e menos vetos de gaveta. Nada muda com a mesma política", avalia.
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, espera que o novo ministro da Saúde resolva os problemas do Serviço Nacional de Saúde e não seja "apenas um ministro no papel".
"Esperamos que, se aceitou esta responsabilidade, possa efetivamente implementar políticas que resolvam os problemas estruturais de saúde em Portugal, e não que seja apenas um ministro no papel", considera a líder e deputada única do partido Pessoas-Animais-Natureza.
Numa divulgada à comunicação social, Inês Sousa Real refere que a "expectativa era a de alguém que viesse do ativo dos profissionais de saúde", considerando que, "não obstante, Manuel Pizarro tem obrigação de conhecer o contexto das necessidades estruturais de uma política de saúde preventiva e de proximidade".
Para o PAN, aquelas são as preocupações dos "utentes que necessitam de cuidados de saúde, que esperam e desesperam pelas consultas e tratamentos, e as reivindicações dos profissionais de saúde e as suas justas reivindicações".