"Problema de expansão." Aumento de capacidade divide responsáveis por creches
Enquanto a Associação de Profissionais de Educação de Infância critica as medidas avulsas, a Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular acredita que vão num bom sentido.
Corpo do artigo
A ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Ana Mendes Godinho, anunciou na quarta-feira regras que vão permitir aumentar a capacidade das creches para acolher crianças nos próximos tempos. Entre essas medidas está o aumento do número de crianças por sala, em função da dimensão das salas e também do número de educadores.
Luís Ribeiro, presidente da Associação de Profissionais de Educação de Infância, em declarações à TSF disse que as medidas anunciadas pela ministra são avulsas.
"A média de nascimentos dos últimos 10/11 anos é de 85 mil crianças por ano, o que quer dizer que nós, em cada três anos, temos cerca de 255 mil crianças em Portugal. Como a taxa de cobertura é de apenas metade, sensivelmente, estamos a falar de 175 mil crianças que, todos os anos, não têm acesso à educação a partir do momento em que nascem e até aos três anos de idade. Temos para resolver um problema de expansão rápida da rede, mas estas são medidas pontuais que nada vão resolver. Temos de encontrar forma de expandir a rede para essas 90 mil crianças rapidamente. Do nosso ponto de vista, isso só pode ser conseguido através de uma rede autárquica", explicou TSF Luís Ribeiro.
Opinião contrária tem a presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, Susana Batista, que acredita que as medidas vão num bom sentido e está muito satisfeita.
"Consideramos que numa sala com crianças dos 24 aos 26 meses, que é a sala de dois anos, podem perfeitamente estar 20 crianças desde que as salas tenham tamanho suficiente, ou seja, dois metros quadrados por criança, para comportarem este número de crianças. Se todas as salas tiverem essa capacidade e puderem aumentar mais duas crianças, a nível nacional isso significa, no imediato, uma grande criação de vagas no país inteiro. Faz todo o sentido", defendeu na TSF Susana Batista.
De acordo com a ministra, o Governo prevê, com estes "mecanismos especiais", um "potencial de aumento de capacidade rápido, imediato que poderá ser de cerca de novos seis mil lugares já em 2023". Ana Mendes Godinho explicou que estas medidas não se aplicam aos berçários "pelas razões evidentes de salvaguarda da qualidade de resposta".