Quase metade do Governo nas listas do PS? "Os ministros que são cabeças-de-lista fizeram um bom trabalho"
Ana Catarina Mendes justifica a inclusão de quase metade do Executivo nas listas do PS às legislativas pelo "bom trabalho" e "bons resultados" que apresentaram, mas afirma que cabe a Costa decidir se continuam a governar. Em entrevista na Manhã TSF, conduzida por Fernando Alves, a líder parlamentar do PS também volta a posicionar o partido à esquerda e admite que ainda não está definido se Edite Estrela será a candidata pelo Partido Socialista à presidência da Assembleia da República.
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Ana Catarina Mendes defendeu, entrevistada por Fernando Alves, na Manhã TSF, que as listas do PS às legislativas "são listas com pessoas que já têm experiência, têm provas dadas", e que a inclusão de vários governantes do Executivo socialista prende-se com o facto de a legislatura ter sido "interrompida a meio", o que "ninguém desejava", no meio de uma pandemia.
"As pessoas que integram as listas do Partido Socialista são pessoas de várias áreas, de vários quadrantes, e que têm a qualidade necessária para o Parlamento", garante a líder parlamentar do PS. Questionada sobre se está a ser assegurado um cargo para os governantes em caso de derrota nas eleições de 30 de janeiro, Ana Catarina Mendes replica: "Que horror, não se deve olhar para isso. Não se deve olhar para isso como emprego político, mas sim como um serviço público que nós devemos fazer, e é assim que encaro ser, pela terceira vez, cabeça-de-lista em Setúbal."
No meio de uma pandemia que "mudou o mundo e mudou a sociedade", sustenta a socialista, a continuidade e o desenvolvimento de uma linha política que já tinha sido iniciada são importantes. "Devemos integrar nas listas pessoas que estão disponíveis para essa missão e para este trabalho público em nome do desenvolvimento do país."
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Ana Catarina Mendes afirma mesmo que "os últimos seis anos são seis anos de grandes resultados da governação do Partido Socialista, com o apoio da esquerda parlamentar", no combate à pandemia, do ponto de vista sanitário, social e económico. Assim, declara, "o PS merece reforçar a sua votação, o PS não queria eleições antecipadas, apresentou um dos melhores Orçamentos de sempre para responder às exigências do atual momento". Também nesse contexto, em Bruxelas foi negociado o PRR, já que o PS está "focado no futuro do país e nas soluções que devem ser apresentadas ao país".
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"Não é uma questão de emprego político, é, sim, uma questão de trabalhar e continuar os bons resultados, quer a nível económico, com as contas certas, quer a nível social", conclui a líder parlamentar, lembrando que "voltou a cair o desemprego esta semana", para exemplificar que estas políticas têm resultados nas vidas das pessoas.
Ana Catarina Mendes deixa para Costa responder se estas listas significam uma permanência de ministros no Executivo. "O primeiro-ministro responderá a essa pergunta, mas os ministros que estão cabeças-de-lista fizeram um bom trabalho." A parlamentar dá o exemplo de Marta Temido, "que à frente do Ministério da Saúde, não tem poupado esforços para responder a esta pandemia com um SNS forte".
E os independentes, embora em menor número, não são excluídos: "Não, de todo. Os independentes fazem sempre parte das nossas listas, dos fóruns de discussão."
A líder parlamentar do PS, confrontada com os últimos resultados da sondagem da Aximage para TSF-JN-DN, que mostram o PSD a disparar para os 33,2% e a dois pontos do PS, diz que este tipo de análise é "instrumento de trabalho".
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"Não as desvalorizando as sondagens, o importante é conhecer as propostas dos partidos", refere, para em seguida argumentar: "Até agora sabe-se muito pouco das propostas do PSD. Acho inacreditável Rui Rio no discurso de encerramento do congresso ter ignorado o estado dos últimos dois anos, que é estarmos a viver em pandemia e como isso mudou a sociedade."
Ana Catarina Mendes vê o líder do maior partido da oposição "hoje chorando lágrimas de crocodilo sobre os professores, quando há dois anos disse que era preciso redimensionar a administração pública e que havia professores a mais", e a defender uma reforma na Justiça, quando "a única coisa que se conhece" é um tweet de há duas semanas sobre a detenção de João Rendeiro, "como se fosse possível o Governo instrumentalizar a Justiça".
Sobre o rumo que o Partido Socialista irá adotar numa nova legislatura, Ana Catarina Mendes desvela: "O PS nunca se desviou do seu campo ideológico, é um partido de esquerda, moderado e pró-europeu. Nunca nos desviámos das nossas responsabilidades. É um partido do compromisso e do diálogo."
Das listas apresentadas pelo PS, falta ainda saber se Edite Estrela será ou não a candidata pelo Partido Socialista à presidência da Assembleia da República. "Ainda não está definido", responde Ana Catarina Mendes.
Na primeira eleição de António Costa, em 2015, o secretário-geral do PS apostou em candidatos independentes para cabeças de lista às legislativas. Agora, cinco anos depois, e com eleições antecipadas depois do chumbo do Orçamento, o foco está em elementos do Governo.
Dos 22 cabeças de lista do PS às eleições legislativas, 11 são governantes, ou seja, metade. E dos 69 ministros e secretários de Estado, 31 são candidatos a deputados a 30 de janeiro.