Reunião "secreta" com CEO da TAP. IL acusa Governo de "violação da separação de poderes"
O líder da Iniciativa Liberal afirmou que António Costa "não pode permanecer calado" perante a evidência de "tentativas claras de condicionamento".
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O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, justifica o pedido de demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba, por considerar que se tornou evidente na audição de Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, que houve uma "reunião secreta" com a participação de assessores de diferentes ministérios, promovida pelo Ministério das Infraestruturas. Algo que, para Rui Rocha, viola o princípio da separação de poderes.
"Isso, na nossa opinião, configura uma violação clara do princípio da separação de poderes. Uma tentativa de condicionamento daquilo que ia ser depois discutido em comissão e uma intromissão do poder político naquilo que ia ser uma audição que iria ter lugar umas horas depois e em que o Parlamento pretendia conhecer dados de gestão que não deveriam ser condicionados. Mas temos evidência de que também havia assessores do Ministério dos Assuntos Parlamentares, gerido por Ana Catarina Mendes", explicou Rui Rocha aos jornalistas.
Para o deputado da IL, o primeiro-ministro, António Costa, "não pode permanecer calado" perante a evidência de "tentativas claras de condicionamento" e intromissão na gestão da companhia aérea.
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"Temos um secretário de Estado a dizer que é conveniente alterar um serviço de uma companhia aérea para satisfazer o Presidente da República porque isso é muito importante para o Governo. A responsabilidade última é de Costa e só de Costa. Tem de falar ao país. Ana Catarina Mendes, João Galamba, os seus ministérios e o Governo condicionam posições de gestão. Chegámos ao limite do que é aceitável em democracia", acrescentou o líder da Iniciativa Liberal.
Na reunião, Ourmières-Widener disse que fez questão de verificar se se tratava realmente de um pedido da Presidência e que constatou que Marcelo Rebelo de Sousa "nunca pediria" uma alteração de voo que "teria impacto no resto dos passageiros".
Christine Ourmières-Widener é a terceira personalidade, de uma lista de cerca de 60, a ser ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda.
A ainda presidente executiva da TAP contestou o despedimento e acusou o Governo de ter tido "pressa política" para a demitir, segundo a contestação da defesa, citada pela TVI/CNN.