"Se for mais útil ter um Orçamento do Estado do que não ter, o PSD não criará um obstáculo"
Luís Montenegro defende que as eleições devem ser realizadas "o quanto antes", mas têm de estar garantidas "condições de disputa eleitoral mínimas".
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O líder do PSD, Luís Montenegro, garantiu esta quarta-feira que o partido que lidera "não criará um obstáculo" à aprovação da atual proposta de Orçamento do Estado para 2024 (OE24) apesar da demissão de António Costa e pede que sejam realizadas eleições antecipadas "o quanto antes", mas com "condições de disputa eleitoral mínimas".
À saída de uma audiência, esta tarde, com Marcelo Rebelo de Sousa, o líder do PSD classificou como "grave" a situação que o país está a atravessar e defendeu a necessidade de "cortar o mal pela raiz", sendo para isso necessário "iniciar um ciclo novo".
"É preciso ouvir o povo português e dar a um futuro governo a autoridade política que só o voto é capaz de conferir para poder intervir de forma estrutural e estratégica", argumentou, resumindo a ideia na necessidade de "ter eleições legislativas antecipadas".
"Tudo o que possa ser acelerado deve ser acelerado. Não podemos deixar de registar também o nosso respeito democrático pelo que acontece noutros partidos, em especial no PS, que está prestes a iniciar um processo de substituição da sua liderança", notou, apontando a "um espaço temporal de dois meses em que tudo isso pode acontecer".
Os sociais-democratas defendem que o novo Governo deve ter "capacidade de diálogo com o país" de forma a uni-lo e a resolver os problemas deste.
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Questionado sobre a hipótese de coligações pré-eleitorais e sobre se essa necessidade inclui o diálogo entre partidos, Montenegro realçou que o diálogo "tem de ser sobretudo com o povo português" e de forma a garantir "taxas de crescimento económico muito mais robustas" do que as que se têm verificado, permitindo reter jovens qualificados e "pagar melhores salários aos trabalhadores". Montenegro lamenta também que o país esteja hoje "mais pobre do que em 2015".
Desafiado a revelar se Marcelo vai deixar que a discussão do OE24 prossiga até ao fim, Montenegro recusou "transmitir as perceções do Presidente da República" e pediu que não se façam interpretações do que disse esta noite aos jornalistas.
Quanto à posição do PSD em relação ao assunto, o líder social-democrata garante querer apenas "o mínimo impacto negativo possível" para o país da demissão do primeiro-ministro e da queda do Governo "por dentro".
"Se estiver em causa a execução de investimentos públicos que têm financiamento pelo PRR e prazos para serem concluídos, se estiver em causa a atualização salarial na administração pública, o pagamento com as atualizações das pensões, a redução de alguma carga fiscal se for possível, embora este orçamento não o faça de uma forma geral" e "se for mais útil ter um orçamento do que não ter, o PSD não criará um obstáculo sobre isso".
Em relação à data para a realização das eleições antecipadas, Montenegro garantiu que não foi tema, mas apontou que devem realizar-se "o quanto antes".
"Cabe ao Presidente da República tomar a decisão de marcação das eleições e do funcionamento democrático, que tem subjacente as condições de disputa eleitoral mínimas, no caso concreto haver uma liderança do PS", referiu.
O Presidente da República recebeu esta quarta-feira os partidos com assento parlamentar na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa.