PS defende que nomeação de outro primeiro-ministro com atual maioria é a "solução preferencial"
Carlos César recusa que o PS esteja agora envolto num clima de desconfiança, referindo que o que aconteceu é que o primeiro-ministro, "num gesto de invulgar nobreza", reagiu às suspeitas lançadas sobre si pedindo a demissão.
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O PS defendeu esta quarta-feira perante o Presidente da República a nomeação de outro primeiro-ministro para chefiar um novo Governo apoiado pela atual maioria parlamentar socialista, após a demissão de António Costa.
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Para o líder socialista, este é o cenário "que melhor salvaguarda" o país perante um momento "incerto", sendo preferível a uma "interrupção governativa".
Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo presidente do PS, Carlos César, no Palácio de Belém, em Lisboa, onde o Presidente da República esteve esta quarta-feira a ouvir os oito partidos com assento parlamentar para uma eventual dissolução do parlamento.
Segundo Carlos César, a nomeação de outro primeiro-ministro "é a solução preferencial" que o PS apresentou ao chefe de Estado.
"Não me podem incluir nesse lote, mas o PS considera que tem soluções que pode apresentar ao senhor Presidente da República para dirigir um novo Governo, soluções essas que, em todos os casos, se tratam de pessoas respeitadas no nosso país, com experiência governativa e com reconhecimento ou até experiência internacional", acrescentou, sem dar exemplos e referindo que na reunião desta quarta-feira não foi proposto nenhum nome em concreto ao chefe de Estado.
Carlos César assegurou que, "se essa for a opção do senhor Presidente da República, esse nome terá de ser previamente aprovado no âmbito da Comissão Política Nacional do PS", que, observou, "por acaso, mas não por acaso", vai reunir-se na quinta-feira à noite, "e, portanto, nesse quadro, tomaria essa decisão, sob proposta do atual secretário-geral", António Costa.
Para Carlos César é também muito importante "ter um Orçamento do Estado aprovado".
Contra a interrupção da legislatura e convocação de legislativas antecipadas, o antigo presidente do Governo Regional dos Açores invocou o contexto internacional "marcado pela ascensão de um conjunto de riscos" e efeitos económicos que podem exigir "medidas preventivas e medidas reativas" por parte do Governo.
Por outro lado, argumentou que a "antecipação do ato eleitoral não garante necessariamente uma situação de estabilidade política para o futuro".
Recusando revelar o que disse o Presidente da República aos socialistas na reunião desta quarta-feira, o presidente do PS relatou que trocaram argumentos, "uns são coincidentes, outros podem não ser", explorando "todas as possibilidades" que o atual quadro oferece.
Carlos César referiu que os socialistas manifestaram perante Marcelo Rebelo de Sousa a "profunda confiança na sua decisão, em qualquer dos casos", manifestando-se convictos que, em caso de eleições antecipadas, confiam na vitória como "reconhecimento de um trabalho feito até agora" e capacidade de renovação do PS.
"Portanto, estamos muito à vontade e muito tranquilos com a decisão que o senhor Presidente da República tomar, sendo certo que, em normalidade democrática, a solução adequada é a de procurar estabilidade política quando, no quadro institucional, essa estabilidade é possível de salvaguardar sem a ocorrência de uma interrupção da legislatura", reforçou.
Marcelo Rebelo de Sousa comunicou que "falará ao país imediatamente a seguir à reunião do Conselho de Estado", que está marcada para quinta-feira às 15:00.
António Costa apresentou a demissão de primeiro-ministro na terça-feira, que o chefe de Estado aceitou, depois de buscas em vários gabinetes do Governo realizadas no âmbito de investigações sobre projetos de lítio e hidrogénio e de o Ministério Público ter anunciado que é alvo de inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça.
O PS informou também Marcelo dos "procedimentos internos para substituição do secretário-geral", que foi até aqui António Costa e, no caso de haver eleições antecipadas, o partido "apontaria a uma data no mês de março" para as disputar.
O socialista recusa ainda que o PS esteja agora envolto num clima de desconfiança, referindo que o que aconteceu é que o primeiro-ministro, "num gesto de invulgar nobreza", reagiu às suspeitas lançadas sobre si pedindo a demissão.