"Testar, vacinar e rastrear são essenciais", mas "é preciso sensatez" na semana da Páscoa
Marcelo Rebelo de Sousa relembrou que a Páscoa é um tempo de "encontro familiar intenso", e as confissões religiosas "sabem-no melhor do que ninguém, tendo sido exemplares na proteção da vida e da saúde".
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Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta quinta-feira que, para um desconfinamento bem-sucedido é essencial "testar, vacinar e rastrear, mas não basta. É preciso sensatez", desde já na semana da Páscoa.
O Presidente da República relembrou que a Páscoa é um tempo de "encontro familiar intenso", e as confissões religiosas "sabem-no melhor do que ninguém, tendo sido exemplares na proteção da vida e da saúde".
"Queremos que o desconfinamento seja sensato e bem-sucedido, com testagem, rastreio e vacinação", assinalou, elegendo estes pontos como um "desafio imediato".
LEIA AQUI, NA ÍNTEGRA, A MENSAGEM DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O estado de emergência vigora "até 15 de abril, além do tempo pascal", mas nesse dia já haverá mais escolas e atividades económicas abertas, assim como mais gente nas ruas.
Por isso, é preciso evitar que "os números de infetados, de internados em cuidados intensivos e de mortos, assim como o indicador de transmissão ou contágio" aumentem, assegurando também que "não invertam" o trabalho dos últimos meses, para se conseguir "o esbatimento" da Covid-19 no país "antes do verão".
O rastreio nas escolas é um esforço "enorme mas essencial". "É preciso vacinar mais e mais depressa", alertou também o chefe de Estado. O atraso no fornecimento de vacinas tem "preocupado" portugueses e europeus, pelo que agora se espera que a questão possa "ser finalmente ultrapassada durante o segundo trimestre, já a partir de abril".
"Vivemos nestes dias um tempo de alívio e de esperança, é bom recordá-lo graças aos sacrifícios de dois meses de milhões de portugueses. Façamos deste tempo, um tempo definitivo, sem mais confinamentos no futuro. Testemos, vacinemos, mas também contemos as regras sanitárias", afirmou Marcelo.
"Se assim for, criaremos as condições para sairmos do estado de emergência", sublinhou o Presidente.
O chefe de Estado disse aos portugueses "que estamos mais perto do que nunca, mas ainda não chegámos à meta que desejamos. Marcelo quer um verão e um outono que representem mesmo o termo de mais de um ano de vidas adiadas, atropeladas e desfeitas", avisando que "ainda há caminho a fazer."
"São apenas umas semanas, mas umas semanas que bem podem valer por muitos meses e anos ganhos na vida de todos nós. E comecemos já pela Páscoa, antes ainda das aberturas de abril e maio. Com prudência, com sentido de solidariedade, com esperança acrescida de futuro. Portugal merece-o. Todos nós, portugueses, o merecemos", reforçou.
Marcelo Rebelo de Sousa assinou, esta tarde, o decreto que renova o estado de emergência até 15 de abril depois da aprovação pela Assembleia da República.
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O 14.º estado de emergência foi renovado com os votos a favor de PS, PSD, CDS-PP, PAN e da deputada não-inscrita Cristina Rodrigues. No debate para a aprovação da medida, Eduardo Cabrita reiterou que o estado de emergência deve manter-se até ao início de maio, e alertou para a necessidade de manter as restrições durante a Páscoa.
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O Conselho de Ministros reúne-se esta sexta-feira para discutir as medidas de combate à Covid-19 em Portugal.
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A proibição de circulação entre concelhos em Portugal continental no próximo fim de semana e durante a semana da Páscoa foi antecipada para as 00h00 de sexta-feira, segundo uma declaração de retificação publicada em Diário da República.
De acordo com uma declaração de retificação publicada na quarta-feira em Diário da República, "é proibida a circulação para fora do concelho do domicílio no período compreendido entre as 20h00 de sexta-feira e as 5h00 de segunda-feira e, diariamente, a partir das 00h00 do dia 26 de março, sem prejuízo das exceções previstas".
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.745.337 mortos no mundo, resultantes de mais de 124,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.814 pessoas dos 819.210 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A mensagem do Presidente da República na íntegra
"Portugueses,
Há duas semanas, na Assembleia da República, lembrei o que todos queremos: que o desconfinamento seja sensato e bem-sucedido. E acrescentei - com testagem, rastreio e vacinação.
É este o nosso desafio imediato. A começar nos próximos dias até à Páscoa.
Um desconfinamento bem-sucedido exige testar e rastrear, desde logo, as escolas que já abriram e aquelas que irão abrir depois da Páscoa.
É um esforço enorme, mas essencial para garantir a confiança e reforçar a segurança.
Um desconfinamento bem-sucedido exige, também, vacinar mais e mais depressa.
Nas últimas semanas, duas questões preocuparam os Portugueses, e, para sermos verdadeiros, muitos europeus.
A primeira questão foi a do atraso no fornecimento de vacinas, obrigando a reajustamentos no calendário traçado no final de 2020. Esperamos que esta questão possa ser, finalmente, ultrapassada durante o segundo trimestre. Ou seja, já a partir de abril. E, que naquilo que de nós dependa, tudo façamos para recuperar o tempo decorrido, convertendo o milhão de primeira toma, e o meio milhão de duas tomas de agora, nos 70% de imunizados em setembro.
A segunda questão foi mais perturbadora. Surgiram dúvidas e, depois, decisões individuais de vários Estados da União Europeia suspendendo o recurso a uma determinada vacina.
Esta questão acabou por ser resolvida com a intervenção da Agência Europeia do Medicamento, que confirmou a segurança e a eficácia da vacina suspensa.
Portugueses,
Testar, rastrear e vacinar são essenciais para um desconfinamento bem-sucedido.
Mas não bastam.
Como disse no dia 9 de março, é preciso sensatez.
E, desde já, sensatez durante a semana da Páscoa.
São dias muito importantes, porque a Páscoa é, entre nós, um tempo de encontro familiar intenso, em particular, em certas áreas do Continente e nas Regiões Autónomas. E as confissões religiosas, que vão celebrar a Páscoa, sabem-no melhor do que ninguém e têm sido exemplares na proteção da vida e da saúde.
Por outro lado, a renovação do estado de emergência, que eu hoje decretei, vai vigorar até ao dia 15 de abril. Ou seja, para além do tempo pascal.
E aí haverá mais escolas, mais atividades económicas e sociais abertas e muito, muito maior circulação de pessoas.
Temos de dar esses passos, de modo a que os números de infetados, de internados em cuidados intensivos e de mortos, assim como o indicador de transmissão ou contágio, não invertam a tendência destes últimos dois meses, nem aumentem por forma a travarem o que todos desejamos - o esbatimento da pandemia antes do Verão.
Vivemos, nestes dias, um tempo de alívio e de esperança.
E é bom recordá-lo - graças aos sacrifícios, de dois meses, de milhões de Portugueses.
Façamos deste tempo, um tempo definitivo, sem mais confinamentos no futuro.
Testemos, vacinemos, mas, cumpramos, também, as regras sanitárias, contendo o risco de infeção.
E se assim for, ao longo da execução do Plano de desconfinamento, criaremos as condições para sair do estado de emergência.
Os Portugueses sabem, que o estado de emergência tem existido para dar solidez jurídica reforçada às medidas restritivas indispensáveis em tempos de mais severo combate à pandemia.
Isto porque vigora, desde 1986, uma Lei específica sobre estado de sítio e estado de emergência que legitima expressamente as medidas restritivas que venham a ser tomadas no decreto presidencial sobre estado de emergência.
Quanto mais depressa as restrições possam ser levantadas, mais depressa será possível abrir caminho ao fim do estado de emergência.
O que, como percebem, é, obviamente, o desejo do Presidente da República.
Portugueses,
Estamos mais perto do que nunca. Mas ainda não chegámos à meta que desejamos: um Verão e um Outono que representem mesmo o termo de mais de um ano de vidas adiadas, de vidas atropeladas, de vidas desfeitas.
Há, ainda, caminho a fazer. Há, ainda, precaução a observar. Há, ainda, moderação a manter.
Tudo a pensar no próximo grande desafio que se nos impõe: reconstruir tudo aquilo que a pandemia destruiu.
São apenas umas semanas, mas umas semanas que bem podem valer por muitos meses e anos ganhos na vida de todos nós.
E comecemos já pela Páscoa, antes ainda das aberturas de abril e de maio.
Com prudência. Com sentido de solidariedade, com esperança acrescida de futuro.
Portugal merece-o.
Todos nós, Portugueses, o merecemos."