"Tomámos muitos copos de água." Responsável pelo sistema de segurança agradece ao papa "o maior desafio"
Paulo Vizeu Pinheiro, secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, sublinha a complexidade da operação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e considera que Portugal fica dotado com um mecanismo de coordenação que pode ser utilizado em futuros megaeventos.
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"O maior desafio de articulação estratégica operacional e tática" a pedir, por vezes, "muitos copos de água" - entenda-se muita preparação e cooperação e cabeça fria - eis como descreve Paulo Vizeu Pinheiro, o homem que, na dependência direta do primeiro-ministro, coordenou toda a operação de segurança da JMJ, inspirado nas palavras do próprio papa Francisco, que aconselhou os peregrinos a seguirem "adelante," sem desânimo e com a ajuda de um copo de água, se fosse necessário.
"Tomámos muitos copos de água e seguimos adiante", disse, entre risos, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI) que aproveitou para agradecer pessoalmente ao papa Francisco "a jornada e a visita na medida em que constituiu o maior desafio de articulação estratégica operacional e tática que foi superado através de estruturas e mecanismos e procedimentos criados especialmente para o efeito".
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"No passado dia 22 de julho iniciamos a maior operação de segurança alguma vez realizada em Portugal. A operação de segurança da JMJ decorreu de forma exemplar. Para isso contribuíram cerca de 16 mil operacionais que garantiram a máxima segurança com o mínimo transtorno possível", detalhou o secretário-geral do SSI.
Ao longo das últimas semanas, foram controladas mais de vinte mil viaturas, mais de mil embarcações, seis mil voos e mais de um milhão de pessoas, das quais apenas 213 viram recusadas a entrada no país, "na casa centesimal," sublinha Vizeu Pinheiro.
"Uma operação exemplar," com "um planeamento bem feito" e um "legado" que Paulo Vizeu Pinheiro considera que fica desta JMJ, em termos de segurança e que poderá ser utilizado em eventuais futuros megaeventos.
"Assim como fica o Parque Tejo para os munícipes de Loures e Lisboa como equipamento social para o futuro, o SSI fica com um mecanismo que quando ativado liga o estratégico ao operacional e tático para os grandes eventos que venham ocorrer em Portugal no futuro", explicou o responsável pelo SSI destacando a importância da "intelligence" e da cooperação internacional" que permitia fazer análise de risco e um controlo de fronteiras "direcionado e cirúrgico".
Numa operação que envolveu um total de 16 mil operacionais entre todas as forças de segurança, todos os responsáveis, a quem foi dado palco no balanço final da operação, destacaram a cooperação como fator determinante para o sucesso.
Uma lição que Luís Neves, diretor-geral da Polícia Judiciária, destacou para futuro: "Acho que é tempo de deixarmos do lado alguns de laivos de corporativismo, de balcanização, de individualismo de cada um, porque aqui há um desígnio que é superior a todos nós."
A longa lista de intervenções dos principais responsáveis das forças de segurança ocupou, sobretudo com elogios, mais de uma hora do tempo que deveria ter sido ocupado com a conferência de imprensa, restando apenas cerca de dois minutos para respostas às perguntas dos jornalistas.