A comissão de trabalhadores reúne-se esta tarde com o Governo, durante a manhã recebeu a coordenadora do Bloco de Esquerda.
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Se a Autoeuropa parar durante as nove semanas previstas, 50 mil carros não serão produzidos. Cerca de 300 trabalhadores precários já foram dispensados e quatro mil trabalhadores estão em casa, em lay-off.
O período de paragem começou na segunda-feira, inicialmente previsto para nove semanas, mas a comissão de trabalhadores acredita que a paragem será menor: os trabalhos podem retomar em outubro.
Na base para o problema está a falta de uma peça indispensável para os motores dos carros produzidos na Autoeuropa, de um fornecedor da Eslovénia fortemente afetado pelas cheias que afetaram o país em agosto.
Os trabalhadores em lay-off recebem 95 por cento do salário, mas a comissão de trabalhadores pede que se chegue aos cem por cento e lembra que nem todos os precários têm direito ao subsídio de desemprego.
"Estamos a falar de um parque industrial que tem cerca de 12 mil trabalhadores e grande parte vai para lay-off, perdendo parte do seu rendimento. Seja dez por cento, quinze ou vinte, é uma perda no rendimento destes trabalhadores", lamentou Daniel Bernardino, da comissão de trabalhadores, em declarações aos jornalistas.
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A comissão de trabalhadores recebeu, esta manhã, uma comitiva do Bloco de Esquerda, liderada por Mariana Mortágua, e durante a tarde tem já uma reunião prevista com a ministra do Trabalho e da Segurança Social. Daniel Bernardino pede respostas ao Governo, além dos lamentos de António Costa.
"Gostaríamos de ter uma palavra do nosso governo, porque não podemos só ouvir que a Autoeuropa é importante para o PIB. Agradecemos que também tenham uma palavra para com os 12 mil trabalhadores desta parque industrial. As empresas precisam dos trabalhadores", lembra.
Também a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, lamenta que a empresa tenha colocado os trabalhadores numa situação crítica, e pede ao Governo que dê garantias: não só nos salários, mas também garantindo subsídio de desemprego para os precários.
"O que se exige é que esses trabalhadores tenham os mesmos direitos e a mesma proteção que os trabalhadores com vínculo efetivo. O Estado deve garantir que o lay-off é pago a 100 por cento e que todos os trabalhadores temporários tenham o mesmo tratamento que os efetivos", apela.
Mariana Mortágua lamenta ainda o "modelo de risco" escolhido pela Autoeuropa, que obriga à paragem dos trabalhos pela falta de um dos fornecedores.
"Quando decide depender apenas de um fornecedor, sabe que a produção pode parar caso exista um problema como o que aconteceu. Este modelo significa que a Autoeuropa ganha muito com a gestão de stocks, mas quando há um problema procura atirar para os trabalhadores e para o Estado as responsabilidades de uma opção sua", nota.
O Bloco de esquerda já entregou um requerimento, na Assembleia da República, para ouvir, com caráter de urgência, o ministro da Economia, António Costa Silva, e a ministra do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho.