Ventura como "candidato do sistema" levou Sócrates e Salgado. Tavares vê "zero" no programa do Chega
Ventura diz que o Livre quer "devolver a arte às colónias". Rui Tavares "compreende que o líder do Chega não queira falar" de propostas.
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André Ventura e Rui Tavares trocaram acusações no debate que colocou frente-a-frente dois partidos que elegeram um deputado nas últimas legislativas. O presidente do Chega diz que o programa do Livre é o mais "anacrónico" e "quer dar tudo a todos", já Tavares acusa o Chega de não ter propostas para o país.
Num tom aceso, ao longo dos 25 minutos de debate, os candidatos tentaram desmontar os programas eleitorais de cada um dos adversários, com Rui Tavares a colar André Ventura "ao sistema".
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"Estou muito contente por estar aqui, frente a um candidato do sistema, apadrinhado por primeiros-ministros de anteriores governos, dirigentes de clubes de futebol a alguma imprensa sensacionalista", atirou.
Na resposta, André Ventura lembrou que o Livre "perdeu a representatividade parlamentar", depois da desfiliação de Joacine Katar Moreira, defendendo que "Rui Tavares nem devia estar no debate".
"Por virmos debater com quem não devia estar aqui, temos que debater o programa mais anacrónico destas legislativas", disse, acrescentando que o partido da papoila quer "devolver a arte às colónias".
André Ventura defendeu que o programa do Livre volta a trazer "um debate de feridas à sociedade portuguesa e humilhar antigos combatentes". O líder do Chega acrescentou que Rui Tavares "quer duas novas taxas para os portugueses e subsídios para quem trabalha e para quem não trabalha".
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Na leitura do presidente do Chega, Rui Tavares "quer subsídio de desemprego para quem se despede", e ainda um "rendimento básico universal". "É uma espécie de pagar tudo a toda a gente. José Sócrates e Ricardo Salgado estariam a receber o seu rendimento básico universal", disse.
Instado a responder ao adversário, Rui Tavares explica que o seu partido "propõe testar o rendimento, que existe em regiões como no Alasca".
O candidato da esquerda, num tom irónico, "percebe que Ventura não queira falar do programa dele", um documento com nove páginas, "que não é uma coisa que se apresente ao país".
"O programa de André Ventura fala de cidades? Zero vezes. Do interior? Zero vezes. De universidade, do mar e de ambiente? Zero vezes", atirou.
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O cabeça de lista do Livre por Lisboa acrescentou que "mesmo das coisas que lhe interessam, como a mudança da Constituição, porque quer implementar a IV República" o partido de André Ventura não tem qualquer medida para o tema no programa.
Apesar de não ter representação parlamentar, depois da desfiliação de Joacine Katar Moreira, o Livre tem permissão para debater com os restantes partidos com assento parlamentar por ter elegido um deputado nas últimas legislativas.
O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro na sequência do "chumbo" do Orçamento do Estado para 2022, no parlamento, em 27 de outubro passado.