Dirigente sindical da PSP acredita que as imagens captadas podem até ajudar a compreender algumas intervenções por parte das forças de segurança. Sobre os confrontos desta segunda-feira, após a manifestação dos moradores do Bairro da Jamaica, Paulo Rodrigues entende que os confrontos que se lhe seguiram não foram uma situação "espontânea".
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O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) não se opõe à proposta do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, de que as fardas dos agentes passem a incorporar câmaras de vídeo. Em declarações à TSF, Paulo Rodrigues garante que os agentes "não têm nada a esconder."
"As ocorrências são, normalmente, à vista de toda a gente. Toda a gente pode filmar e nós entendemos até que as câmaras vêm por bem. Vêm ajudar a perceber, muitas das vezes, o porquê da intervenção da polícia e o porquê da forma ou modelo" dessa mesma intervenção dos agentes, explica.
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Paulo Rodrigues esclarece que o Governo tem dito aos polícias que tem "condições para adquirir as câmaras", mas que é preciso "fazer um conjunto de regulamentos" que ajudem a perceber em que situações é que os polícias devem utilizar as câmaras, como também quem pode - ou não - utilizar as imagens, além de que é necessário que "entidades externas" tomem decisões sobre este assunto.
Manifestações não foram espontâneas
Na ótica de Paulo Rodrigues, o Governo precisa de "descer à terra" e responsabilizar quem está a comprometer a segurança pública, referindo-se mais especificamente ao que aconteceu esta segunda-feira, após uma manifestação de moradores do Bairro da Jamaica, que esta segunda-feira foi seguida de confrontos com a polícia. O presidente da ASPP/PSP acredita que esta situação "não foi tão espontânea quanto isso, nem nasceu de uma simples conversa."
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Indicando um conjunto de fatores que terão originado a ação de protesto, Paulo Rodrigues lembra que "houve algumas entidades que, ao tomarem uma posição mesmo sem saber o resultado dos inquéritos e o que aconteceu exatamente, tomaram uma posição a desfavor da PSP."
Perante esta situação, o dirigente sindical entende que "quando se põe a polícia como alvo, de alguma forma legitima todos aqueles que, mesmo sem saber o que se passou, por norma estão contra a polícia".
Paulo Rodrigues destaca o que se observa nas redes sociais, onde "uma boa parte de alguns cidadãos - que estão diretamente ligados, inclusive, ao SOS Racismo - que estão a promover justamente o ódio e a polícia como um alvo. Não nos parece que isto vá contribuir para nada", relembra, exortando o Governo e as entidades políticas para que responsabilizem as pessoas que "estão a comprometer a segurança pública."
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