A Organização Mundial de Saúde (OMS) faz um alerta semelhante ao que foi utilizado para a Gripe A e para o Ébola. O aviso vai para os casos de microcefalia e de desordens neurológicas e não para o vírus Zika porque não foi comprovada relação entre ambos.
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O Comité de Emergência da OMS declarou esta segunda-feira a microcefalia e outros problemas neurológicos que têm sido associados ao vírus Zika como um caso de emergência mundial de saúde pública na sequência de críticas sobre a lentidão da resposta que a agência das Nações Unidas está a dar.
Margaret Chan, diretora-geral da OMS explicou que aceitou a recomendação do Comité de Emergência da organização por considerar que "os casos de microcefalia e outras desordens neurológicas por si mesmos, pela sua gravidade e pela carga que implicam para as famílias constituem por uma ameaça".
O diretor de emergência da OMS, Bruce Aylwar preferiu apontar a sua atenção para o vírus Zika, que está a ser apontado como o responsável do aumento de casos de microcefalias. Aylwar garante: "por si só, o Zika não é uma emergência internacional".
"Não pudemos estabelecer uma relação direta entre o vírus Zika e os casos de microcefalia e desordens neurológicas. É isso que devemos investigar. Mas os casos de malformações são tão graves que decidimos declará-los uma emergência", acrescentou David Heymann, presidente do Comité de emergências. "O facto de se estar a expandir é outros dos argumentos para declarar a emergência", explicou ainda.
Margaret Chan preferiu sublinhar que a relação direta entre o vírus Zika e os casos de microcefalia e desordens neurológicas não foi "cientificamente provada, mas é altamente suspeita".
A declaração de emergência mundial permitirá definir prioridades de ação e de investigação internacionais.
Apesar da declaração de emergência sanitária, a OMS não avançou com qualquer recomendação de restrições de viagens. "Não fazemos nenhuma recomendação de restrição de viagens nem de comércio, nem sequer para as grávidas", enfatizou Aylward.
#No Brasil as autoridades procuram combater o surto de Zika sem alarmar
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro não estão em risco de serem cancelados devido ao surto de Zika que está afetar o país. A garantia é de Jaques Wagner, chefe de gabinete de Dilma Rouseff que afirma "temos que explicar àqueles que vêm ao Brasil e aos atletas que, a menos que se tratem de mulheres grávidas, o risco é zero".
Horas antes, o ministro da Saúde tinha revelado que a epidemia de Zika é pior do que se acreditava, porque em 80 por cento dos casos, as pessoas infetadas não têm sintomas. Em entrevista à Reuters, Marcelo Castro disse que investigadores brasileiros "acreditam" que o Zika é responsável por 3.700 casos confirmados e suspeitos de recém-nascidos com defeitos cerebrais no Brasil.
O Zika não tem vacina ou cura conhecida.
Em 2009, a OMS declarou emergência mundial a epidemia de Gripe A, o mesmo acontecendo em 2014 com o vírus Ébola.