


Festival de Cannes: o caso Ken Loach e ainda o prémio português
No último dia do Festival de Cannes faz-se pontaria para a Palma de Ouro. Muitos pensam que tudo está dependente do gosto mais ou menos transgressivo do presidente do júri, Ruben Ostlund. A verdade é que um filme como o belíssimo The Old Oak, de Ken Loach, veio mexer com as previsões que apontavam mais a Aki Kaurimaki e Justine Triet. Neste filme derradeiro, o octogenário cineasta inglês excede-se e faz uma obra tocante sobre a integração de algumas famílias sírias num bairro da classe trabalhadora do norte da Grã Bretanha. Um filme à flor da pele que nos mostra que a esperança pode ser a última coisa a morrer num país ferido de morte pelo Brexit. Comovente e com momentos puros de cinema, se The Old Oak vencer hoje a Palma de Ouro bate um recorde. Ken Loach torna-se o único cineasta a vencer o prémio máximo em Cannes por três vezes.

Filme de João Salaviza sobre povos indígenas do Brasil vence prémio em Cannes
"A Flor do Buriti", de João Salaviza e Renée Nader Messora, foi filmado com o povo indígena Krahô.

Festival de Cannes. Tarantino na Quinzena: como um trovão
Foi o acontecimento da Quinzena dos Cineastas. Tarantino com carte blanche para escolher um filme. Escolheu Rolling Thunder, argumento de Paul Schrader, revenge movie de John Flynn, de 1977. Sala da Croisette a transbordar para uma sessão com cópia velhinha em 35mm e o realizador americano a chegar ao palco com uma adrenalina de adolescente e a gritar para a plateia em pé a ovacionar que tem que se preparar uma sessão americana de grindhouse. Irónico se pensarmos que atrás, no ecrã, está um projetado o poster desta secção: o rosto jovem e gigante de Leonor Silveira em Vale Abrão. Pois bem, o cinema de Tarantino e o de Oliveira cruzam-se.

Obras-primas de veteranos italianos: Moretti e Bellochio elevam o nível em Cannes
Nesta reta final do festival, o sol substituiu a chuva e os estudantes de cinema de todo o mundo substituem os compradores e vendedores do mercado que está a fechar. Enfim, uma renovação em Cannes que injeta juventude nas salas e na Croisette. Mas é curiosamente um filme "de velho" que conquista mais atenções. Il Sol Delle'Avvenire, obra tão leve como pesada de Nanni Moretti, de novo a falar do partido comunista italiano, de novo a falar de si como realizador. Uma obra-prima tão desencantada como esperançosa. Um raio de luz que é ao mesmo tempo um drama sobre divórcio, um musical e uma carta de ódio à Netflix.

Festival de Cannes: a luz do vulcão do "musical" de Pedro Costa
Ainda ecoa pela cabeça de todos os que estiveram ontem na sala Buñuel os sons musicais dos Músicos do Tejo, autores da banda sonora da inflamante curta de Pedro Costa, As Filhas do Fogo, um tríptico visual com três irmãs a espantarem os males com um canto de lamento. Cabo Verde a não sair do cinema de Costa, que no palco anunciou que este pode vir a ser um rastilho para uma longa. Fogo, luz e algo sagrado que, em oito minutos, dão uma dimensão nova à sua estética. Pegado à sessão, uma promoção ou trailer de Drôles de Guerre, projeto por fazer de Jean-Luc Godard que nunca será feito. Contrastes, pois então.

Festival de Cannes: a obra-prima de Kaurismaki e o deslumbramento de Légua
Contrastes na competição deste festival que está ao rubro. O que dizer de Firebrand, crónica das atrocidades de Henrique VIII, o rei mais vil da História de Inglaterra? Que o brasileiro Karim Ainouz terá metido os pés pelas mãos num épico sobre um comportamento nefasto da monarquia de um império? É bem possível, mas no mesmo dia: o que exclamar da obra-prima de Aki Kaurismaki, Fallen Leaves, entrada do realizador finlandês nas mais puras das histórias de amor? Talvez que seja o culminar de uma ideia de cinema onde o humanismo vem sempre ao de cima.

Costa elogia "pujança criativa" do cinema português com quatro filmes no Festival de Cannes
O primeiro-ministro afirma que o cinema português "não tem cessado de se renovar e diversificar".

Festival de Cannes: Justine Triet é a grande surpresa da competição
Um filme de tribunal com valor artístico? Sim, chama-se Anatomie d'une Chute e é o novo de Justine Triet, a cineasta sensação de Na Cama com Victoria, aqui a contar a história da acusação a uma escritora que supostamente terá morto o marido. Mas mais do que o elemento policial, é uma obra sobre a culpa humana e recupera o peso das grandes questões do falhanço conjugal. A tensão chega mesmo a lembrar o melhor do cinema de Bergman. Não será então exagero dizer que se trata de um dos grandes e inesperados candidatos à Palma de Ouro.

Protestos em Cannes contra reforma das pensões do Presidente francês
Os manifestantes foram obrigados a ficar na periferia da cidade distante do centro do festival.

Cannes rendeu-se aos assassinos de Scorsese
O projeto milionário de Scorsese para a Apple Tv, Killers of the Flower Moon teve ontem uma apoteótica reação na seleção oficial fora de competição. Aplausos de pé durante minutos para aclamar um Martin Scorsese bem sorridente e um Leonardo DiCaprio extremamente emocionado. Um policial que narra a história verdadeira dos crimes na comunidade dos índios Osage na América dos anos 30. Em formato de odisseia, este épico de mais de três horas começa a um ritmo lento para depois entrar numa combustão de cinema que faz da mise-en-scène de Scorsese uma sinfonia visual.

A estranheza de Martin Amis e a transcendência de Lisandro Alonso
Ontem foi dias de OVNI, estranhos objetos não identificados na Croisette. Filmes de uma estranheza que conquistaram os festivaleiros de Cannes. Começo por The Zone of Interest, de Jonathan Glazer, a partir de Martin Amis. A banalidade do mal num objeto de cinema sensorial que manda às urtigas princípios narrativos. O cineasta de Birth tenta comunicar com imagens em negativo, ecrã vermelho, distorção de som e sugestão documental. É uma nova linguagem cinematográfica para falar do Holocausto através do dia-a-dia de uma família de um oficial nazi que comanda as operações em Auschwitz. Na sessão de imprensa, muitos saíram estado de choque.

Festival de Cannes: Indiana Jones, a juventude digital de um herói
O Festival de Cannes arranca para este fim de semana com alguns dos filmes mais mediáticos.

O triunfo dos cowboys de Almodóvar
Um triunfo dos memoráveis numa sessão caótica. Foi o que aconteceu com Pedro Almodóvar ontem na projeção fora de competição da sua curta, Strange Way of Life, que em português depois será Estranha Forma de Vida, inspirado no fado que Amália cantou e que aqui tem versão suave e bela de Caetano. Triunfo porque os aplausos foram sentidos e emocionados, mas também porque é um compêndio das maneiras e modos do próprio cinema de Almodóvar, aqui ajudado pelo carisma de atores como Ethan Hawke e o omnipresente Pedro Pascal. Caos porque a organização do festival não previa chuvada e um overbooking que fez com que centenas de jornalistas se empurrassem à entrada da sala do Debussy, já para não falar que muitos ficaram de fora. E claro, choveram protestos.

Festival de Cannes: Michael Douglas, Johnny Depp e o sotaque do norte
Uma abertura com histerismo na Croisette. Johnny Depp ainda provoca muitos gritos femininos e move multidões. O trânsito parou literalmente na Croisette para a sessão de abertura, fora de competição de Jeanne du Barry, onde a estrela americana é Luís XV, rei que escolheu como amante favorita Jeanne, uma cortesã que desafiou a corte de Versailles. Um bom baptismo para um festival que na gala soube fazer uma majestosa homenagem a Michael Douglas. Uma homenagem que os óscares não fariam Melhor. O titã de Hollywood agradeceu emocionado a Palma de Ouro de honra.

Detido vice-presidente da Câmara de Gaia, apoio ao abono de família chega esta 3.ª feira e outros destaques TSF
Entre os destaques desta manhã estão também as provas de aferição, que poderão ser adiadas em algumas escolas.

Festival de Cannes: portugueses entre os tubarões do costume
O que esperar desta edição 73 do maior festival do mundo? Muitas vezes demasiada expectativa, desilusão maior, mas na teoria este festival de Cannes tem trunfos fortes, de Almodóvar a Kitano, de Wes Anderson a Nanni Moretti.

Festival de Cannes começa esta 3.ª feira com um filme de Pedro Costa na seleção oficial
Fora de competição, Pedro Costa fará a estreia do filme "As Filhas do Fogo", sendo esta a quinta vez que o realizador português marca presença neste festival de cinema.

A falta de combustível no navio Mondego, sismo na ilha de Sumatra e outros destaques TSF
A Marinha revelou que, "após a reposição de combustível no tanque de serviço, os dois geradores e os dois propulsores arrancaram sem problema".
