Política

Costa quis saber se "era um obstáculo à defesa dos arguidos"

António Lobo Xavier Artur Machado/Global Imagens

No programa "O Princípio da Incerteza", o conselheiro de Estado adiantou que António Costa disse "em público" que tinha pedido a Marcelo para chamar a PGR a Belém.

O conselheiro de Estado António Lobo Xavier garantiu, no programa da CNN e da TSF "O Princípio da Incerteza", que António Costa disse, "perante outras pessoas", que foi ele quem pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para chamar a Procuradoria-Geral da República (PGR) a Belém, antes mesmo de saber que estava citado num processo criminal, no dia em que se demitiu.

"Eu acho que aquilo que interessa é a verdade e não a formalidade. Eu nunca ouvi António Costa dizer que não era verdade que tinha pedido ao Presidente da República para chamar a PGR. Veio simplesmente dizer que não o disse em público e realmente disse-o, depende é de saber o que é em público. Não disse numa conferência de imprensa, mas disse em local onde estavam mais pessoas do que o próprio", disse Lobo Xavier.

Questionado se as declarações do primeiro-ministro demissionário foram num local onde estavam jornalistas, o advogado esclareceu que "provavelmente não" e reiterou que "a verdade é que Costa pediu".

"O primeiro-ministro pediu ao Presidente da República para saber se de facto ele era um obstáculo à defesa dos arguidos. O PR pediu à PGR para conversar com ele e nessa conversa verificou-se que o primeiro-ministro era também alvo de um inquérito que corria no Supremo Tribunal", detalhou Lobo Xavier.

"Isto foi importante para as decisões do primeiro-ministro", acrescentou.

Quando António Costa apresentou a demissão disse, em declarações aos jornalistas, em São Bento, que só sabe dos desenvolvimentos judiciais através da comunicação social, rejeitando qualquer interferência. Costa colocou-se, no entanto, à disposição para colaborar: "Sabem onde estou."

No programa "O Princípio da Incerteza", deste domingo, António Lobo Xavier sublinhou ainda que Costa pode contribuir para agilizar a Operação Influencer e que os "políticos, com lugares executivos ou no Parlamento, não podem criticar a investigação quando esta atinge a política".

Maria Ramos Santos