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Materiais inadequados em aterro causaram derrocada em Guimarães

Global Imagens/Pedro Correia

A conclusão é do relatório da Comissão de Avaliação que aponta também para a «deficiente execução» na construção do aterro que sustentava a construção na encosta da via.

A derrocada de terras na estrada que liga Guimarães a Fafe, a 02 de abril, terá sido provocada pela «deficiente execução» e utilização de materiais «inadequados» na construção do aterro que sustentava a construção habitacional na encosta da via.

A conclusão é do relatório da Comissão de Avaliação constituída pela Câmara Municipal de Guimarães para averiguar as causas do deslizamento de terras em Mesão Frio, que levou a que seis famílias ficassem desalojadas.

Contactada pela agência Lusa, a empresa Manuel & Fernando Moreira, Lda, responsável pela construção do referido aterro, na Travessa da Ribeira, Mesão Frio, não quis prestar declarações sobre este relatório, referindo ainda a «chuva intensa» do mês de março como facto que complicou a «débil» situação do aterro.

De acordo com o relatório, citado pela agência Lusa, «foi a deficiente execução do aterro decorrente da ausência de projeto geotécnico para o mesmo e da utilização de materiais inadequados para a sua construção», que terão estado na origem do deslizamento do equivalente a 80 camiões de terra para a Estrada Nacional 206.

O relatório afere também sobre a existência de uma linha de água no local, «de acordo com uma carta militar» mas que no projeto «não existe qualquer elemento» sobre esta linha uma vez que, realça, «não existe projeto geotécnico do aterro».

A comissão aponta ainda que «é provável que a elevada pluviosidade» no mês de março «tenha contribuído para despoletar o escorregamento, agravando uma situação que por si já era débil devido à deficiente execução do aterro».

Sobre as habitações, o texto aponta que os edifícios têm uma «estrutura estável» mas que «existe possibilidade de ocorrerem escorregamentos adicionais no terreno principalmente se ocorrer precipitação intensa».

Além disso, aponta a comissão, «acresce que a sapata de um dos edifícios encontra-se danificada e parcialmente descalça» pelo que, recomendam os técnicos, a habitabilidade das moradias «exige um plano de reforço e reabilitação que restabeleça os níveis de segurança estrutural a este tipo de construções».

Este «reforço» deve passar, aponta o documento, «pela realização de obras que permitam o acesso integral aos edifícios repondo as cotas existentes antes do escorregamento».

À data do incidente, fonte da construtora negou a existência de «qualquer linha de água» e garantiu que «a construção foi feita com todos os cuidados» e que «não tinham qualquer culpa» no deslizamento.

A variante que liga Fafe a Guimarães, pela qual passam diariamente cerca de 25 mil carros, esteve 15 dias fechadas para os trabalhos de remoção da terra, a cargo da Estradas de Portugal.

Redação