
Oscar winning ballots are carried along the red carpet by personnel from Price Waterhouse Coopers as they arrive for the 89th Academy Awards in Hollywood, California, U.S. February 26, 2017. Picture taken February 26, 2017. REUTERS/Mike Blake TPX IMAGES OF THE DAY - RC184C602160
Mike Blake/Reuters
Um ano depois dos movimentos #MeToo e #Time'sUp e de uma noite dos Óscares cheia de discursos no feminino, Hollywood vai dando alguns passos a caminho da paridade.
Na edição do ano passado, houve vários discursos fortes, mas a vencedora do Óscar de Melhor Atriz Frances McDormand destacou-se. A atriz colocou a estatueta no chão, disse que o discurso ia ser longo e pediu às mulheres que estavam nomeadas para se levantarem e celebrarem com ela.
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"Olhem à vossa volta. Todas temos histórias para contar e projetos para financiar. Não falem connosco sobre isso nas festas desta noite. Convidem-nos para ir aos vossos escritórios daqui a uns dias ou podem ir aos nossos, o que for mais conveniente", afirmou. Frances McDormand pediu ainda aos colegas que se encontravam na sala para adicionarem uma cláusula de inclusão nos seus contratos, cláusula que obriga os estúdios a garantirem diversidade nas equipas de produção.
Depois deste discurso, um dos grandes estúdios de Hollywood, Warner Bros., adotou novas políticas neste sentido e atores, que também são produtores, como Matt Damon e Michael B. Jordan comprometeram-se a promover a cláusula de inclusão. No entanto, até agora, a Warner Bros., foi o único grande estúdio a assumir o compromisso.
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A agência Reuters entrevistou Kalpana Kotagal, uma advogada de direitos civis que ajudou a desenvolver o conceito legal da cláusula de inclusão, que explicou que esta medida está a servir também para encorajar a contratação de pessoas de outras raças e etnias, homossexuais, portadores de deficiência e pessoas mais velhas.
A advogada deu o exemplo do filme "Hala", que estreou no Festival de Sundance, em que os produtores preencheram a maioria das vagas técnicas com mulheres.
Mas vamos a números...
De acordo com um estudo citado pela Reuters ("The Annenberg Inclusion Initiative", da Universidade do Sul da califórnia), 40 dos 100 filmes mais vistos em 2018 tinham uma mulher como protagonista, o número mais alto desde que esta contabilização começou a ser feita há 12 anos. Estes 40 filmes incluem alguns dos nomeados deste ano para Melhor Filme, como "Assim Nasce Uma Estrela", "A Favorita" e "Roma".
Na 91.ª edição dos Óscares, 28 por cento dos nomeados são mulheres, o número mais alto da história.
No entanto, numa das categorias mais importantes - Melhor Realizador - não há nenhuma mulher nomeada e ao longo dos 91 anos dos Óscares apenas cinco chegaram a essa posição. Dessas cinco, apenas Kathryn Bigelow venceu em 2009.
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Isto leva-nos ao "4 percent Challenge" ("Desafio dos 4%", em português), proposto pelo "The Annenberg Inclusion Initiative" e pelo movimento "Time"s Up", que foi anunciado oficialmente no Festival de Sundance.
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O nome é uma referência direta à percentagem de filmes que foram realizados por mulheres na última década. O desafio pede um compromisso por parte dos estúdios e das produtoras para anunciarem pelo menos um filme realizado por uma mulher nos próximos 18 meses.
A Universal Pictures foi o primeiro grande estúdio a aderir ao desafio e, desde então, outros sete estúdios e mais de 120 atores, produtores e argumentistas comprometeram-se com o "4 percent Challenge".
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